quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

No Recinto Doméstico

Bondade no campo doméstico é a caridade começando de casa.

Nunca fale aos gritos, abusando da intimidade com os entes queridos.

Utilize os pertences caseiros sem barulho, poupando o Lar a desequilíbrio e perturbação.

Aprenda a servir-se, tanto quanto possível, de modo a não agravar as preocupações da família.

Colabore na solução do problema que surja, sem alterar-se na queixa.

A sós ou em grupo, tome a sua refeição sem alarme.

Converse edificando a harmonia.

É sempre possível achar a porta do entendimento mútuo, quando nos dispomos a ceder, de nós mesmos, em pequeninas demonstrações de renúncia a pontos de vista.

Quantas vezes um problema aparentemente insolúvel pede tão somente uma palavra calmante para ser resolvido? Abstenha-se de comentar assuntos escandalosos ou inconvenientes.

Em matéria de doenças, fale o estritamente necessário.

Procure algum detalhe caseiro para louvar o trabalho e o carinho daqueles que lhe compartilham a existência.

Não se aproveite da conversação para entretecer apontamentos de crítica ou censura, seja a quem seja.

Se você tem pressa de sair, atenda ao seu regime de urgência com serenidade e respeito, sem estragar a tranquilidade dos outros .

Do livro ivro: Sinal Verde
Francisco Cândido Xavier / André Luiz

domingo, 11 de fevereiro de 2024

Castigo de um Avarento

François Riquier, homem muito comum, era um velho solteirão avarento, morto em C..., há quatro ou cinco anos, deixando aos colaterais uma fortuna considerável. Tinha sido senhorio de uma de nossas amigas, a Sra. F... Esta senhora o havia esquecido por completo quando sua filha, ultimamente sujeita a crises de catalepsia, seguidas de sono magnético espontâneo, viu, durante o sono, o Sr. Riquier, o qual, diz ela, queria falar com sua mãe. Alguns dias mais tarde, a filha da Sra. F..., aliás bom médium escrevente, tomou do lápis e obteve a comunicação seguinte, ao final da qual Riquier pôs seu nome e endereço completo. Não conhecendo tal endereço, a Sra. F... foi verificá-lo e ficou muito surpreendida ao constatar que a indicação era perfeitamente exata. Eis a comunicação, que é um novo exemplo das penas reservadas aos Espíritos culpados.

Como ele se manifestara espontaneamente e exprimira o desejo de falar à Sra. F..., foi-lhe feita esta pergunta: “Que quereis de nós?”

Resp. – O meu dinheiro, que aqueles miseráveis tomaram todo, para repartirem entre si. Venderam minhas fazendas, minhas casas, para dividir tudo. Dilapidaram meus bens, como se não fossem meus. Fazei-me justiça, porque eles não me escutam e não quero presenciar tais infâmias. Dizem que eu era usurário e guardam o meu dinheiro! Por que não mo querem devolver, se acham que foi mal adquirido?

“P. – Mas vós estais morto, homem de Deus! Já não precisais de dinheiro. Pedi a Deus uma nova existência pobre, a fim de expiardes a avareza desta.

Resp. – Não; não poderia viver pobre. Necessito do meu dinheiro para viver. Aliás, não preciso de outra vida, pois estou vivo agora.

“P. (A pergunta seguinte foi feita com o objetivo de o trazer à realidade). – Sofreis?

Resp. – Oh! sim; sofro piores torturas que a doença mais cruel, porquanto é minha alma que suporta essas torturas. Tenho sempre presente no pensamento a iniqüidade de minha vida que, para muitos, foi motivo de escândalo. Bem sei que sou um miserável, indigno de piedade; mas sofro tanto que necessito de ajuda para sair deste estado miserável.

“P. – Oraremos por vós.

Resp. – Obrigado! Rogai para que eu esqueça minhas riquezas terrestres, sem o que jamais poderia arrepender-me. Adeus e obrigado.

François Riquier, Rue de la Charité, no 14”

Revista Espírita, Agosto de 1862

sábado, 10 de fevereiro de 2024

Cada qual


"Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mes- mo.” – Paulo. (1ª Epístola aos Coríntios, 12:4.)

Em todos os lugares e posições, cada qual pode revelar quali- dades divinas para a edificação de quantos com ele convivem.

Aprender e ensinar constituem tarefas de cada hora, para que colaboremos no engrandecimento do tesouro comum de sabedo- ria e de amor.

Quem administra, mais freqüentemente pode expressar a jus- tiça e a magnanimidade.

Quem obedece, dispõe de recursos mais amplos para demons- trar o dever bem cumprido.

O rico, mais que os outros, pode multiplicar o trabalho e di- vidir as bênçãos.

O pobre, com mais largueza, pode amealhar a fortuna da es- perança e da dignidade.

O forte, mais facilmente, pode ser generoso, a todo instante.

O fraco, sem maiores embaraços, pode mostrar-se humilde, em quaisquer ocasiões.

O sábio, com dilatados cabedais, pode ajudar a todos, reno- vando o pensamento geral para o bem.

O aprendiz, com oportunidades multiplicadas, pode distribuir sempre a riqueza da boa-vontade.

O são, comumente, pode projetar a caridade em todas as dire- ções.

O doente, com mais segurança, pode plasmar as lições da pa- ciência no ânimo geral.

Os dons diferem, a inteligência se caracteriza por diversos graus, o merecimento apresenta valores múltiplos, a capacidade é fruto do esforço de cada um, mas o Espírito Divino que sustenta as criaturas é substancialmente o mesmo.

Todos somos suscetíveis de realizar muito, na esfera de traba- lho em que nos encontramos.

Repara a posição em que te situas e atende aos imperativos do Infinito Bem.

Coloca a Vontade Divina acima de teus desejos, e a Vontade Divina te aproveitará.

Do livro: Fonte Viva

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

Crede nos espíritos do senhor


Acreditai em nós; somos centelha,
Raio brilhante do seio de Deus,
Que sobre uma alma nova se assemelha
À ternura do céu aos prantos seus.

Acreditai em nós: chama ligeira 
De errante
Espírito pelos jazigos
Vem afastar o obstáculo, a barreira
Que entre nós foram assim postos, amigos.

Acreditai em nós; trevas, mentiras São dispersadas, que é do céu que vimos,
Ternos, alegres repor-vos nas liras 
Dos sonhos bons o dulçor que sentimos.

Acreditai em nós; nós que erramos no espaço
Para guiar-vos ao Bem.
Crede em nós Que vos amamos...
E cada hora ou passo, Caros irmãos, nos conduz a vós.

Elisa Mercoeur

Revista Espírita, Abril de 1862

terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

Mediunidade de Cura


A mediunidade de cura é um dom grandioso, que foi usado, com exuberância, por Nosso Senhor Jesus Cristo, na Sua passagem pela Terra. O médium de cura deve tomar certas providências em relação à sua própria conduta, pois a sua mente influi, poderosamente, sobre todos os seus centros de forças, e estes canalizam as suas indescritíveis energias para onde os pensamentos do medianeiro determinarem, somadas a outras tantas riquezas, de que o coração é portador. 

Os fluidos vitais armazenados pelo baço, que mais se enraizam no seu duplo, são fornecidos pelo astro rei, que nos fecunda a todos, e são sempre reavivados pelos nossos sentimentos de amor, ou então desmerecidos pelos nossos impulsos inferiores. 

É bom que analisemos o que estamos doando aos que sofrem. A mediunidade curadora é uma porta, senão um caminho onde luzes poderão brilhar, despertando outros valores que se escondem no nosso mundo íntimo. O médium curador que já se dispôs a tal empreendimento não pode se esquecer da alegria, aquela que nasce dos bons princípios e valoriza o esquema de vida em todas as suas diretrizes. Não deve perder a paciência com os que sofrem. Eles já sofrem!.. E, às vezes, desconhecem o que o medianeiro já conhece. Deve ouvir com tolerância e conversar com discernimento, para que possa fazer nascer nos corações torturados, aquela força divina que se chama esperança. Deve confiar, mesmo nos desconfiados: e perdoar, incondicionalmente, todos os que sentem prazer em ferir. Somente o exemplo do Bem nos colocará com poderes suficientes para desfazer os impulsos da ignorância. Nunca esquecer a harmonia da mente, porque a harmonia é a tônica do universo, e onde ela se irradia não faltam saúde e paz, compreensão e fraternidade. 

O sensitivo deve conhecer a si mesmo, antes de saber alguma coisa sobre os outros; exigir de si o que pode dar aos semelhantes e a ninguém pedir compreensão. O médium de cura é sempre o doador, a fonte de tranqüilidade, ajudando e tornando a ajudar na criação da verdadeira felicidade. 

A água de cada lar é filtrada pelos esforços humanos e valorizada pela assistência espiritual, por bênção de Deus. Assim é a energia cósmica, de natureza divina, penetrando em nossos filtros energéticos. Quando compreendemos, enriquecemo-nos com esse fluido sutil, dando indicações na correspondência que o amor indicar.

A mediunidade de cura tem muitos pontos a ponderar. Os médiuns têm a sua parte a ser feita no preparo dos fluidos que deverão ser distribuídos aos que sofrem e, portanto, são responsáveis pelo que dão. A responsabilidade é muito grande, na seqüência dos trabalhos que nos competem, em favor de nós mesmos, de nossa consciência e de nosso próprio coração.
Não devemos perder tempo. Não deixemos passar nem um minuto, sem nos lembrarmos da nossa disciplina e educação. Antes dos nossos trabalhos mediúnicos, não nos esqueçamos de rememorar o que foi feito no percurso do dia e os pensamentos criados pela mente ou assomados em nosso mundo mental. Façamos uma avaliação, tornemos a fazê-la e, se porventura tivermos de consertar alguma coisa, consertemo-la logo, entrando em oração, no sentido de nos prepararmos para o trabalho da luz. 

Logo que te deparares frente a um enfermo, sentirás a tua influência invadindo-lhe a aura e, se a vigilância não for exercida, os fluidos negativos que circulam em teu organismo poderão passar com profundidade para o enfermo, causando desastres de difícil reparo. A troca de fluidos entre as pessoas é lei do equilíbrio. No entanto, é necessário saber o que estamos recebendo ou ofertando e quais os tipos de valores que ofertamos ou que nos são ofertados. Não basta ter boa vontade. Este é, pois, o primeiro passo. É preciso compreender o que deve ser feito, para fazer melhor e ser vitorioso nos serviços da benevolência. A mediunidade de cura, com Jesus, é um alento divino, mas Jesus somente está presente onde o coração gera amor e a mente mostra discernimento. 

Combate, nos teus sentimentos, todos os tipos de melindres. Eles são sutis. Por vezes, desconheces sua existência palpitando no fundo da alma. Eles se escondem nas dobras da vaidade e têm ainda o poder de chorar, para mostrar com mais evidência que alguém os feriu. 

No momento de curar os enfermos ou dar alívio aos que padecem, não podes alimentar o ódio, pois ele gera imprudência. Não podes assegurar a inveja, pois ela faz crescer a usura. Não podes cultivar a prepotência, pois ela irrita a sensibilidade, dispersando o que de bom os céus nos ofertam. É de justiça que todo médium de cura se certifique, por si mesmo, de que tudo o que doamos volta a nós, por processos que, às vezes, escapam ao nosso entendimento. 

O médium curador é um fulcro de energias circulantes, e essas forças de Deus obedecem à sua vontade, cegamente. Fazemos delas o que somos. Se doamos luz, ficamos inundados de claridade, mas se oferecemos trevas, sofremos as conseqüências da nossa invigilância. 

Entrega o teu coração e a tua inteligência, médium curador, à influência do Cristo, porque o Evangelho em tua vida tornar-te-á um sol, para a tua própria paz, servindo aos outros.

Do livro: Segurança Mediúnica, cap 11

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

Exigir

Antes de exigir novas manifestações dos amigos espirituais, não deixe de manifestar, por sua vez, através de atos, palavras e pensamentos, os sublimes valores que já recebeu; se o intercâmbio com o plano invisível é agradável, o trabalho da experiência humana é eminen- temente importante.

André Luiz

Mediunidade - Viga Mestra do Espiritismo


"Em vão, porém, me honram, ensinando doutrinas que são mandamentos de ho- mens.” - Jesus (Mar-cos, 7:7)

A atualidade do Cristianismo oferece-nos lições profundas, relativamente à declaração acima mencionada.

Ninguém duvida do sopro cris- tão que anima a civilização do ocidente. Cumpre notar, con- tudo, que a essência cristã, em seus institutos não passou de sopro, sem renovações substanciais, porque, logo após o ministério divino do Mestre, vieram os homens e lavraram ordenações e decre- tos na presunção de honrar o Cristo, semeando, em verdade, separatismo e destruição.

Os últimos séculos estão cheios de figuras notáveis de reis, de religiosos e políticos que se afirmaram defensores do Cristianismo e apóstolos de suas luzes.

Todos eles escreveram ou en- sinaram em nome de Jesus. Os príncipes expediram man- damentos famosos, os cléri- gos publicaram bulas e com- pêndios, os administradores organizaram leis célebres. No entanto, em vão procuraram honrar o Salvador, ensinando doutrinas que são caprichos humanos, porquanto o mundo de agora ainda é campo de ba- talha de ideias, qual no tempo em que o Cristo veio pesso- almente a nós, apenas com a diferença que o Farisaísmo, o Templo, o Sinédrio, o Pretório e a Corte de César possuem hoje outros nomes.

Importa reconhecer, desse modo, que, sobre o esforço de tantos anos, é necessário renovar a compreensão geral e servir ao Senhor, não segun- do os homens, mas de acordo com os seus próprios ensina- mentos.

(Caminho, Verdade e Vida – Emmanuel/Francisco Cândido Xavier)