02/02/2025

Os Fantasmas


Revista Espírita de 1860 - Junho de 1860

A academia assim define essa palavra: “Diz-se dos Espíritos que se supõe voltarem do outro mundo.” Ela não diz que voltam; só os espíritas podem ser bastante loucos para ousarem
afirmar semelhantes coisas. Seja como for, pode dizer-se que a crença nos fantasmas é universal. Evidentemente se funda na intuição da existência dos Espíritos e na possibilidade de
comunicação com eles. A esse título, todo Espírito que manifesta sua presença, seja pela escrita de um médium, ou simplesmente
batendo numa mesa, seria um fantasma. Mas esse nome quase sepulcral geralmente é reservado para os que se tornam visíveis e que se supõe, como diz com razão a Academia, vir em circunstâncias mais dramáticas. São histórias de comadres? O fato em si, não; os acessórios, sim. Sabe-se que os Espíritos podem manifestar-se à vista, mesmo em forma tangível – eis o que é real. Mas o que é fantástico são os acessórios; o medo, que tudo exagera,
ordinariamente acompanha esse fenômeno, em si tão simples, o qual se explica por uma lei muito natural; conseqüentemente, nada tem de maravilhoso ou de diabólico. Por que, então, se tem medo dos fantasmas? Precisamente por causa desses mesmos acessórios, que a imaginação se apraz em tornar apavorantes, porque ela se assustou e talvez acreditasse ter visto o que não viu. Em geral são representados sob aspecto lúgubre, vindo de preferência à noite, sobretudo nas noites mais sombrias, em horas fatais, aos lugares sinistros, revestidos de mortalhas extravagantes. O Espiritismo
ensina, ao contrário, que os Espíritos podem mostrar-se em todos os lugares, a qualquer hora, de dia como de noite; que em geral o fazem sob a aparência que tinham em vida, e que só a imaginação criou os fantasmas; que os que aparecem, longe de ser temidos, na
maioria das vezes são parentes ou amigos que vêm a nós por afeição, ou Espíritos infelizes que podemos assistir. Também são, algumas vezes, galhofeiros do mundo espiritual, que se divertem à nossa custa e se riem do medo que causam. Compreende-se que com estes o melhor meio é rir também, e provar-lhes que não se os teme. Aliás, limitam-se quase sempre a fazer barulho e raramente se tornam visíveis. Infeliz de quem os leva a sério, pois redobram nas travessuras; seria o mesmo que exorcizar um moleque de Paris. Mesmo supondo que seja um Espírito mau, que mal poderia fazer? Um valentão vivo não seria cem vezes mais temível do que um morto que se tornou Espírito? Aliás, sabemos que estamos constantemente rodeados por Espíritos, que só diferem dos que chamamos fantasmas porque não os vemos.

Os adversários do Espiritismo não deixarão de o acusar por dar crédito a uma crença supersticiosa. Mas sendo o fato das
manifestações visíveis, constatado, explicado pela teoria e confirmado por inúmeras testemunhas, não se pode dizer que não existam, e todas as negações não o impedirão de se reproduzir, porquanto poucas pessoas há, que consultando suas lembranças, não se recordem de algum fato dessa natureza e que não podem pôr em dúvida. É preferível, portanto, que nos esclareçamos sobre
o que há de verdadeiro ou de falso, de possível ou de impossível nas narrativas desse gênero. É explicando uma coisa, raciocinando, que nos premunimos contra o medo pueril. Conhecemos muitas pessoas que tinham pavor dos fantasmas. Hoje, graças ao Espiritismo sabem o que é isto, e seu maior desejo é ver um.
Conhecemos outras que tiveram visões que as terrificaram; agora, que as compreendem, não mais se inquietam. Conhecem-se os perigos do mal do medo para os cérebros fracos. Ora, um dos resultados do conhecimento do Espiritismo esclarecido é precisamente curar esse mal, e não é esse um dos seus menores benefícios.

Fonte Revista Espírita 1860 - Julho de 1860 - Ano III

De la mujer


Compenetrarse del apostolado de guardiana del instituto de la familia y de su elevada tarea en la conducción de las almas, a las que propició su renacimiento físico.

Todo compromiso con el bien es de suma importancia en el Mundo Espiritual.

Apartarse de las apariencias y de las fantasías, consagrándose a las conquistas morales relacionadas íntimamente con la vida imperecedera, sin sujetarse a los convencionalismos absorbentes.

El retorno a la condición de desencarnado significa volver a la conciencia profunda.

Identificarse con las enseñanzas cristianas que han situado su alma en los servicios de la maternidad y de la educación, en los deberes de la asistencia y en las bendiciones de la mediumnidad santificante.

Quien huye de la oportunidad de ser útil, se engaña a sí mismo.

Sentir y comprender las obligaciones relacionadas con las uniones matrimoniales desde el punto de vista de la vida multimilenaria del Espíritu, reconociendo la necesidad de las pruebas regenerativas que tienen la mayoría de los matrimonios terrestres.

El sacrificio representa el precio de la alegría real.

Oponerse a cualquier artificio que intente transformar el casamiento en una simple ligazón sexual, carente de las bellezas propias de la maternidad.

Junto a los hijos se apagan los odios, se sublimiza el amor y armonizan las almas para el resto de la eternidad.

Reconocer un grave delito en el aborto, que arroja al corazón femenino en las redes del infortunio.

Sexo desvirtuado, camino de expiación.

Preservar los valores íntimos, midiendo sus actitudes con prudencia y realismo frente a sus deberes de hermana, hija, compañera y madre.

El trabajo de la mujer es siempre la misión del amor extendiéndose alinfinito.

Respondiendo Jesús, le dijo: Marta, Marta, afanada y turbada estás con muchas cosas. Pero solo una cosa es necesaria; y María ha escogido la buena parte, la cual no le será quitada. 

LUCAS, 10:41-42

Fuente del libro Conducta Espirita - por el espíritu André Luiz - Psicografiado por Waldo Vieira

Fenômenos de Materialização e Efeitos Físicos Espontâneos VIII

Uma médium expelindo ectoplasma

Os fenômenos chamados de efeitos físicos e os de materialização, que tantos cuidados e precauções exigem nos recintos especiais, ocorrem, muitas vezes, espontaneamente, em sítios impróprios e ambiente desfavorável, sem corrente que os auxilie. 

Já os verifiquei, em circunstâncias várias. Uma noite, para citar um caso de minha observação pessoal, embora feita por acaso, achando-me a escrever num quarto onde dormia um médium, ouvi um rumor e, olhando em torno, vi que se abriam as portas de um guarda-roupa e que de dentro saía, sem que ninguém o movesse ou tocasse, um daqueles formidáveis volumes contendo fac-símiles dos documentos da Independência do Brasil e mandados públicos pela prefeitura do Rio de Janeiro. O livro, que estava encostado ao fundo do móvel, por detrás de duas caixas de chapéus, saiu sem as deslocar e foi recostar-se a uma parede, onde ficou até a manhã seguinte. Como e por que aconteceu isso? 

Vai para alguns anos, o ilustre jornalista Horácio Cartier, que prefaciou as minhas reportagens sob o título “No mundo dos espíritos”, levou-me a um cavalheiro que testemunhava fenômenos impressionantes. Solteiro, o senhor em questão, morando com irmãs também solteiras, em Real Grandeza, perto do cemitério de São João Baptista, foi obrigado a mudar-se, porque em sua residência, há horas mortas e sem que as portas se abrissem, apareciam pessoas estranhas.

Transferindo-se para uma rua situada nas vizinhanças do túnel do Leme, foi também forçado a buscar outra morada, porque os mesmos fenômenos se repetiam na nova casa.

Vi-o, com o meu amigo, num prédio de sua propriedade, à Rua dos Andradas, onde funcionou por muitos anos – disse-nos ele – uma pensão alegre de mulheres. Contou-nos, então, que as coisas pouco haviam mudado com a última mudança. Freqüentemente, à hora das refeições, um braço de mulher, desnudo e alvo, com pulseira, os dedos cheios de anéis, aparecia na mesa, e suspenso no ar, como se fosse de uma pessoa que ali estivesse sentada, retirava uma flor de um vaso, e se evaporava, deixando-a cair. Disse-nos que era vulgar o aparecimento de mãos delicadas segurando a cortina que separava a sala de jantar da de visitas e que uma ocasião sentiu-o correr por inteiro, e viu uma formosa mulher, muito branca, num luxuoso vestido de baile, emoldurada nos umbrais (ombreiras) sem portas. 

O médium solitário constatava com serenidade os fenômenos, e, ao verificá-los, assegurou, não sentia a mais leve sombra de medo, que, porém, naquele tempo andava aborrecido e contrariado, porque debaixo de seu leito rangiam e se arrastavam correntes que ninguém conseguia ver, mas que não deixavam dormir.

O depoente era um homem discreto e reservado, de alta responsabilidade no comércio, e não me permitia relatar o seu caso, tendo entrado em contato comigo na esperança de que eu lhe fornecesse elementos para encontrar e explicação dos fenômenos fora do espiritismo. 

Não acreditava em espíritos. Os fatos por ele narrados, iguais a centenas, que enchem os livros, indicam que nem sempre é necessário produzir-se, no médium, o transe, ou o sono hipnótico, para que se realize a materialização.

(Extraido do livro o Espiritismo, a magia e as sete linhas de Umbanda, de Leal Souza)

Fala em paz


Emmanuel 

Justo lembrar: a voz humana está carregada de vibrações.

Esforça-te por evitar os gritos intempestivos e inoportunos.

Uma exclamação tonitruante equivale a uma pedrada mental.

Se alguém te dirige a palavra em tom muito alto, faze-lhe o obséquio de responder em tom mais baixo.

Os nervos dos outros são iguais aos teus: desequilibram-se facilmente.

Discussão sem proveito é desperdício de forças.

Não te digas sofrendo esgotamento e fadiga para poder lançar frases tempestuosas e ofensivas; aqueles que se encontram realmente cansados procuram repouso e silêncio.

Se te sentes à beira da irritação, estás doente e o doente exige remédio.

Barulho verbal apenas complica.

Pensa nisso: a tua voz é o teu retrato sonoro.

XAVIER. Francisco Cândido. Calma. Pelo Espírito Emmanuel. GEEM. 1978.

01/02/2025

Bezerra de Menezes nos acompanhava os passos


Ano de 1926.

Morávamos no Rio, viajando pelas ruas das ilusões e sem nenhum Roteiro cristão.

Trabalhávamos, de dia, no Escritório da Central do Brasil, em companhia de alguns literatos, e, de noite, no Jornal do Brasil, onde, com o Escultor Benevenuto Berna, respondíamos por pequenos biscates jornalísticos...

Numa noite, entrevistando Benevenuto Berna junto com Raul Perdemeiras, dois cinzéis, dois lápis, duas penas de ouro, bastantemente consagrados, sobre Urbanismo, e, em seguida, com relação ao Desenho como alma do Ensino,
interpretamos tão fiehnente o pensamento daqueles queridos Amigos que o caro Guima, o Secretário do jornal, não se conteve e disse-nos:

— Você é um Médium...

Ficamos surpreso, pois nada entendíamos de Espiritismo....

E os bondosos Imí.os, Guima e Berna, já ai veros adeptos de Kardec, nos deram uma aula piedosa sobre as Verdades do Consolador, citando-nos, por várias vezes, o nome respeitado de Bezerra de Menezes, conhecido como o Médico dos
Pobres.

Receitas milagrosas, problemas graves traduzidos, curas obtidas de doentes desenganados pela medicina oficial, Casos e mais Casos, lindos, emocionantes, contaram-nos eles sobre Bezerra de Menezes.

Pela terceira vez, ouvíamos, encantado, o nome querido de Bezerra de Menezes.

Era o nosso Anjo. Acompanhava-nos, mesmo de longe, os passos, bom que era
e é, com a esperança de, um dia, lhe ouvirmos o chamado atendendo aos nossos
deveres junto ao Bom Pastor, em bem de nosso próprio espirito doente e sem
rumo...

Pela primeira vez, começamos a olhar com certo respeito a Doutrina Espírita e com sincera veneração o Espírito do bondoso Dr. Bezerra de Menezes.

Uma semente de luz vingava nas terras pobres de nosso espírito, traduzindo a misericórdia de um vero servidor do Pomicultor Divino.

(Extraído do livro Lindos Casos de Bezerra de Menezes, por Ramiro Gama)

Erro de Linguagem de um Espírito


Revista Espírita de 1860 - Junho de 1860

Recebemos a seguinte carta, a propósito do fato de escrita direta, relatado em nosso número da Revista Espírita do mês de maio.

Senhor,

Somente hoje li o vosso número de maio, e nele
encontro o relato de uma experiência de escrita direta, feita em minha presença, em casa da Srta. Huet. Para mim é um prazer confirmar o relato, à exceção de um pequeno erro, que escapou ao narrador. Não é God loves you, mas God love you, que encontramos no papel, isto é, o verbo love, sem a letra s, não estava na terceira pessoa do presente do indicativo. Assim, não se poderia traduzir por Deus vos ama, a menos que se subentenda a palavra que e se dê à frase uma forma de imperativo ou de subjuntivo. A observação foi feita na sessão seguinte ao Espírito Channing (se é que foi
mesmo ao Espírito Channing, pois me conheceis e vos peço permissão para conservar minhas dúvidas sobre a identidade absoluta dos Espíritos); e o Espírito Channing, digo eu, não se explicou muito categoricamente a respeito deste s, omitido de propósito ou por inadvertência; ele próprio nos censurou um pouco, se tenho boa memória, por ligar importância a uma letra a mais ou a menos numa experiência tão notável.

A despeito dessa censura amistosa, feita pelo Espírito Channing, julguei por bem vos comunicar minha observação sobre a maneira pela qual a palavra love foi realmente escrita. O honrado Sr. E. B..., que ficou com o papel, pôde mostrá-lo e o mostrará a muitas pessoas; e entre estas poderão achar-se algumas que tenham
conhecimento do vosso último número. Ora, importa – e estou persuadido de que também pensais como eu – que a maior fidelidade se encontre no relato de fatos tão estranhos e tão
maravilhosos que obtemos. 

Aceitai, etc.

Mathieu

Havíamos notado perfeitamente a falta assinalada pelo Sr. Mathieu e nos incumbimos de a corrigir, embora sabendo, por experiência, que os Espíritos ligam pouquíssima importância a esses tipos de pecadilhos, com os quais os mais esclarecidos não têm nenhum escrúpulo. Assim, não ficamos absolutamente surpre-
endidos com a observação de Channing, em presença, como o disse, de um fato de somenos importância. A exatidão na reprodução dos
fatos é, sem dúvida, uma coisa essencial; mas a importância desses fatos é relativa, e confessamos que se devêssemos sempre, para o
francês, seguir a ortografia dos Invisíveis, os senhores gramáticos estariam com o queijo e a faca na mão, tratando-os de cozinheiros, mesmo que o médium tenha sido aprovado nessas matérias. Temos um, ou uma, na Sociedade, favorecido com todos esses diplomas, e cujas comunicações, embora escritas muito pausadamente, contêm numerosos erros desse gênero. Os Espíritos sempre nos têm dito:
“Ligai-vos ao fundo e não à forma; para nós, o pensamento é tudo; a forma, nada. Corrigi, pois, a forma, se quiserdes. Nós vos deixamos
esse cuidado.” Se, portanto, a forma for defeituosa, não a conservamos senão quando pode servir de ensinamento. Ora, tal não era o caso, em nossa opinião, no fato acima, porquanto o sentido era bastante evidente.

Fonte Revista Espírita 1860 - Junho de 1860 - Ano III

Antônio Gonçalves da Silva Batuíra


Nascido a 19 de março de 1839, em Portugal, na Freguesia de Águas Santas, hoje integrada no Conselho da Maia, e desencarnado em São Paulo, no dia 22 de janeiro de 1909.

Completada a sua instrução primária, veio para o Brasil, com apenas onze anos de idade, aportando no Rio de Janeiro, a 3 de janeiro de 1850. 

Seu nome de origem era Antônio Gonçalves da Silva, entretanto, devido a ser um moço muito ativo, correndo daqui para acolá, a gente da rua o apelidara "o batuíra", o nome que se dava à narceja, ave pernalta, muito ligeira, de vôo
rápido, que frequentava os charcos na várzea formada, no atual Parque D. Pedro 2º, em S. Paulo, pelos transbordamentos do rio Tamanduateí. 

Desde então o cognome "Batuíra" foi incorporado ao seu nome. Batuíra desempenhou uma série de atividades que não cabe registrar nesta concisa biografia, entretanto, podemos afirmar que defendeu calorosamente a idéia da abolição da escravatura no Brasil, quer seja abrigando escravos em sua casa e conseguindo-lhes a carta de alforria, ou fundando um jornalzinho a
fim de colaborar na campanha encetada pelos grandes abolicionistas Luiz Gama, José do Patrocínio, Raul Pompéia, Paulo Ney, Antônio Bento, Rui Barbosa e tantos outros grandes paladinos das idéias liberais.

Homem de costumes simples, alimentando-se apenas de hortaliças, legumes e frutas, plantava no quintal de sua casa tudo aquilo de que
necessitava para o seu sustento. Com as economias, adquiriu os então desvalorizados terrenos do Lavapés, em S. Paulo, edificando ali boa casa de residência e, ao lado dela, uma rua particular com pequenas casas que alugava a pessoas necessitadas. O tempo contribuiu para que tudo ali se valorizasse, propiciando a Batuíra apreciáveis recursos financeiros. A rua
particular deveria ser mais tarde a Rua Espírita, que ainda lá está.

Tomando conhecimento das altamente consoladoras verdades do Espiritismo, integrou-se resolutamente nessa causa, procurando pautar seus atos nos moldes dos preceitos evangélicos. Identificou-se de tal maneira com
os postulados espíritas e evangélicos que, ao contrário do "moço rico" da narrativa evangélica, como que procurando dar uma demonstração eloqüente da sua comunhão com os preceitos legados por Jesus Cristo, desprendeu-se de tudo quanto tinha e pôs-se a seguir as suas pegadas. Distribuiu o seu tesouro na Terra, para entrar de posse daquele outro tesouro do Céu.

Tornou-se um dos pioneiros do Espiritismo no Brasil. Fundou o "Grupo Espírita Verdade e Luz", onde, no dia 6 de abril de 1890, diante de enorme assembléia, dava início a uma série de explanações sobre "O Evangelho Segundo o Espiritismo".

Nessa oportunidade deixara de circular a única publicação espírita da  época, intitulada "Espiritualismo Experimental" redigida desde setembro de  1886, por Santos Cruz Junior. Sentindo a lacuna deixada por essa interrupção, Batuíra adquiriu uma pequena tipografia, a que denominou "Tipografia Espírita", iniciando a 20 de maio de 1890, a publicação de um quinzenário de quatro páginas com o nome "Verdade e Luz", posteriormente  transformado em revista e do qual foi o diretor- responsável até a data de sua  desencarnação. A tiragem desse periódico era das mais elevadas, pois de 2 ou 3 mil exemplares, conseguiu chegar até 15 mil, quantidade fabulosa naquela época, quando nem os jornais diários ultrapassavam a casa dos 3 mil exemplares. Nessa tarefa gloriosa e ingente Batuíra despendeu sua velhice.
Era de vê-lo, trôpego, de grandes óculos, debruçado nos cavaletes da pequena
tipografia, catando, com os dedos trêmulos, letras no fundo dos caixotins.

Para a manutenção dessa publicação, Batuíra despendeu somas respeitáveis, já que as assinaturas somavam quantia irrisória. Por volta de  1902 foi levado a vender uma série de casas situadas na Rua Espírita e na Rua dos Lavapés, a fim de equilibrar suas finanças. Não era apenas esse periódico que pesava nas finanças de Batuíra. 

Espírito animado de grande bondade, coração aberto a todas as desventuras,  dividia também com os necessitados o fruto de suas economias. Na sua casa a caridade se manifestava em tudo: jamais o socorro foi negado a alguém, jamais 
uma pessoa saiu dali sem ser devidamente amparada, havendo mesmo muitas afirmativas de que "um bando de aleijados vivia com ele". Quem ali chegasse, tinha cama, mesa e um cobertor. 

Certa vez um desses homens que viviam sob o seu amparo, furtou-lhe um relógio de ouro e corrente do mesmo metal. Houve uma denúncia e ameaças de prisão. A esposa de Batuíra lamentou-se, dizendo: "é o único objeto bom 
que lhe resta". Batuíra, porém, impediu que se tomasse qualquer medida, afirmando: "Deixai-o, quem sabe precisa mais do que eu". 

Batuíra casou-se em primeiras núpcias com D. Brandina Maria de Jesus, de quem teve um filho, Joaquim Gonçalves Batuíra, que veio a desencarnar depois de homem feito e casado. Em segundas núpcias, casou-se com D. Maria das Dores Coutinho e Silva; desse casamento teve um filho, que desencarnou repentinamente com doze anos de idade. Posteriormente adotou uma criança retardada mental e paralítica, a qual conviveu em sua companhia 
desde 1888. 

Figura bastante popular em S. Paulo, Batuíra tornou-se querido de todos, tendo vários órgãos da imprensa leiga registrado a sua desencarnação e apologiado a sua figura exponencial de homem caridoso e dedicado aos 
sofredores.

(Grandes Vultos do Espiritismo)

Rogando paz


Emmanuel 

Senhor Jesus!
Tu disseste: “A minha paz vos dou…” 

Entretanto, Senhor,
Muitos de nós andamos distraídos;

atribulados, às vezes, por bagatelas;

aflitos sem razão;

sequiosos de aquisições desnecessárias;

irritadiços por dificuldades passageiras;

dobrados ao peso de cargas formadas por desilusões e discórdias que nós mesmos inventamos;

ocupados em dissensões infelizes;

hipnotizados por tristeza e azedume que nos inclinam à separatividade e ao pessimismo…

Entendemos, sim, Jesus, que nos disseste:
— “A minha paz vos dou…”
Diante, porém, de nossas inibições e obstáculos, nós te rogamos, por acréscimo de misericórdia:
— Senhor, concedeste-nos a paz, no entanto, ensina-nos a recebê-la.

XAVIER. Francisco Cândido. Tesouro de Alegria. Espíritos Diversos. IDE. 1992.