quinta-feira, 28 de novembro de 2024

A Mesa Branca e o Espiritismo


Mesa Branca é a prática da mediunidade espiritualista com base nos ensinamentos de Jesus e desenvolvida a partir das orientações de um ou mais guias espirituais (espíritos ou entidades que cuidam dos trabalhos da casa). Apesar de estar presente em alguns cultos religiosos sob o nome de “Umbanda de Mesa” e “Sessão Astral”, a Mesa Branca é praticada de forma independente e normalmente não está ligada diretamente a qualquer religião.

A “mesa” em si é um objeto indispensável nas sessões uma vez que serve de apoio e contato material para os trabalhos de um modo em geral. É, em volta da “mesa”, que os médiuns se reúnem para uma sessão; é a partir dela que é realizado um estudo, uma preleção, uma consulta ou uma comunicação mediúnica; é através dela, ainda, que os médiuns realizam seus trabalhos e é sobre ela que são colocadas as oferendas; é, enfim, por meio de uma mesa, que se faz o desenvolvimento e a aplicação da mediunidade espiritualista dentre os seus adeptos.

A prática de reuniões frívolas e trabalhos malfazejos que alguns realizaram no passado através do mediunismo de mesa, foi um dos motivos pelo qual se adotou largamente “a cor branca” para diferenciar e demonstrar a boa natureza das sessões promovidas pela casa. A cor branca, segundo a cromoterapia, indica claridade, pureza e iluminação; representa a inocência, a verdade e a integridade do mundo; simboliza o caminho e o esforço em direção à perfeição. É indicada para cura em geral, purificação e abertura à luz. Daí segue o motivo do nome: “mesa branca”. 

MESA BRANCA E ESPIRITISMO

Existe uma confusão muito grande em relação a Mesa Branca e o Espiritismo e isso talvez seja motivado pela semelhança que existe em alguns pontos, como por exemplo a comunicação mediúnica com os espíritos e a crença na reencarnação. O Espiritismo é uma doutrina científica e filosófica codificada em 1857 por Allan Kardec.

A Mesa Branca, por sua vez, é uma doutrina essencialmente religiosa, desenvolvida a partir das práticas mediúnicas do chamado moderno espiritualismo, não tem regras como no Espiritismo, as quais não permitem que seus adeptos estudem ou apliquem procedimentos que não constam em sua codificação. A Mesa Branca é uma prática livre que adota ensinos e procedimentos de outros seguimentos religiosos segundo as orientações dos seus guias. A Mesa Branca é o produto aprimorado daquilo que se conhecia por mediunismo de mesa, cuja raízes surgiram muito antes de Kardec, que até então era conhecida por “telegrafia espiritual”, e depois, por “mesa girante” ou “mesa falante”, foi a responsável por chamar a atenção de Kardec e outros pesquisadores para o fato das manifestações dos espíritos ocorrerem a partir das mesas.

O QUE A MESA BRANCA ACEITA E O ESPIRITISMO NÃO

Algumas diferenças básicas entre um e outro:

1º LIVRE PENSAMENTO e MEDIUNIDADE ABERTA. Em termos de ensino filosófico e prática mediúnica, a Mesa Branca aceita tudo o que os seus guias revelam nas sessões e as mantém como verdades e úteis a instrução de seus adeptos até que se prove o contrário pela experiência prática. O Espiritismo não, uma vez que está preso unicamente aos assuntos de sua codificação, regras estas bem definidas e das quais não se pode afastar.

2º ENERGIA dos ELEMENTOS. A Mesa Branca crê e trabalha abertamente com as energias vibratórias dos quatro elementos (Terra, Ar, Fogo e Água). O Espiritismo não.

3º ENERGIA dos NÚMEROS e das CORES: A Mesa Branca crê e trabalha abertamente com a vibração dos números (numerologia) e das cores (cromoterapia) . O Espiritismo não.

4º ENERGIA das OFERENDAS. A Mesa Branca crê e trabalha com a faixa vibratória produzida pelas oferendas. O Espiritismo não.

5º INFLUÊNCIA dos ASTROS. A Mesa Branca crê e trabalha com a faixa vibratória produzida pelos Astros (Astrologia) . O Espiritismo não.

6º IMAGENS, VELAS, CRISTAIS e INCENSOS. A Mesa Branca crê e trabalha com a influência das imagens, com a força vibratória produzida pelas velas, com o poder dos cristais e com a harmonização ambiente produzida pelos incensos. O Espiritismo não.


Este texto foi enviado por Ju-mensageira

(Autor Desconhecido)

Fonte:
Artigo publicado originalmente no portal Povo de Aruanda, 2008, https://www.povodearuanda.com.br/o-que-e-mesa-branca/

terça-feira, 26 de novembro de 2024

Higiene do Coração


Pelo espírito Caírbar Schutel

"Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus."
(Mateus, V, 8.)

Há corações limpos e há corações sujos. Para aqueles reservou o Senhor a visão de Deus.
E assim como há necessidade da higiene do corpo, para que o corpo funcione regularmente. com mais forte razão faz-se preciso higiene do coração, para que o Espírito ande bem.

É preciso limpar o coração para se ver a Deus. Ninguém há de coração sujo que tenha olhos abertos para o Supremo Artífice de Todas as Coisas.
"A boca fala do que o coração está cheio; do interior procedem as más ações, os maus pensamentos."

Coração sujo, homem sujo; coração limpo, alma límpida, apta para ver Deus. Faz-se mister limpar o coração. Mas, de que forma começar esse asseio?

É preciso que nos conheçamos primeiramente; é preciso conhecermos o coração. Nosce te ipsum, conhece-te a ti mesmo! Saber quem somos e os deveres que nos cumpre desempenhar; interrogar cotidianamente a nossa consciência; exercitar um culto estritamente interno, tal é o 'inicio dessa tarefa grandiosa para a qual fomos chamados à Terra.

A limpeza de coração substitui o culto externo pelo interno. As genuflexões, as adorações pagãs, as preces cantadas e mastigadas, nenhum efeito têm diante de Deus.

O que o Senhor quer é a limpeza, a higiene do coração. Fazer culto exterior sem o interior, é o mesmo que; caiar sepulcros que guardam podridões!

Limpar o coração é renunciar ao orgulho e egoísmo com toda a sua prole malfazeja! É pensar, estudar. compreender; é crer no Amado Filho de Deus pelos seus ditames redentores!

É ser bom, indulgente, caridoso, humilde, paciente, progressista; é, finalmente, renunciar ao mal para abraçar o bem; deixar a aparência pela realidade; preferir o Reino dos Céus ao Reino do Mundo, pois só dentro do Supremo Reinado poderemos ver Deus!

Extraído do livro Parábolas e Ensinos de Jesus, pelo espírito Caírbar Schutel

segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Os Médiuns Curadores V


Há quase totalidade das crianças revela portentosos predicados mediúnicos, porém só uma pequena minoria de adultos é constituída de médiuns. Assim, na quase totalidade dos indivíduos, a mediunidade se embota precocemente. Devemos, porém, considerá-las uma faculdade concedida à generalidade nas criaturas humanas, em grau diferente, dependendo o seu aproveitamento das circunstâncias adversas ou favoráveis de cada existência.

Parecem, a primeira vista, que para defender e conservar a mediunidade deveríamos desenvolvê-la na meninice. A experiência e os guias ensinam o contrário, pois o desenvolvimento em tenra idade perturba e compromete o organismo em constituição. As crianças, antes dos 12 anos, não devem ser admitidas nas sessões que não sejam de preces, ou doutrinação, pois nas outras, basta o reflexo dos trabalhos pra lhes abrir a mediunidade, e, portanto, prejudicá-las.

Entre os médiuns, os mais conhecidos e procurados são, naturalmente, os curadores, os receitistas (Médiuns receitistas: têm a especialidade de servirem mais facilmente de intérpretes aos Espíritos para as prescrições médicas). Importa não os confundir com os médiuns curadores, visto que, absolutamente, não fazem mais do que transmitir o pensamento do Espírito, sem exercerem por si mesmos influência alguma). A medicina os combatem e a justiça os perseguem. Sem examinar, nestes escritos, os direitos daquelas, e as razões desta, direi, apenas que a mediunidade curativa se exerce em nome da caridade e não pode ter por objetivo negá-la aos médicos, tirando-lhes, como concorrente gratuita, os recursos de subsistência.

Logicamente, dentro da doutrina, deveriam recorrer aos médiuns curadores, em primeiro lugar, os pobres destituídos de meios para remunerar o clínico profissional; depois os enfermos julgados incuráveis, e, por fim, os crentes cuja fé exigisse o tratamento espiritual. Sob esse critério, a caridade continuaria a ser feita, conforme as necessidades reais dos doentes; não seria o médico atingido nos seus privilégios, nem a ciência perderia o estimulo pecuniário ao progresso.

Os médiuns curadores receitam por intuição, audição, incorporação, ou mecanicamente. Os intuitivos, em face do doente ou do seu nome, recebem do espírito que o examina a indicação telepática do medicamento a ser aplicado; os outros a ouvem. Nos médiuns de incorporação é o próprio espírito quem diretamente escreve ou dita a receita ao consulente. Nos mecânicos é ainda o espírito que lhes toma e domina o braço para escrever.

Aqueles que muitas vezes se enganaram em diagnósticos e tratamentos não admitem equívocos em receitas mediúnicas, e, geralmente, não os há nessas prescrições, pois só alcançam permissão para o exercício da medicina os espíritos em condições de não prejudicar os enfermos com erros e deficiências. Os receitistas do espaço muitas vezes são médicos que na vida terrena restringiram a clínica, e, por consequência, aos benefícios provenientes dela.

A perseguição oficial contra o receituário mediúnico produziu um efeito imprevisto: o desenvolvimento, sem possibilidade de repressão, da terapêutica fluídica, ministrada, se assim se pode dizer, pela ação direta das entidades espirituais sobre os organismos enfermos.

É grande, elevadíssimo, o numero de médicos que professam o espiritismo. Muitos são médiuns e receitistas; os outros muitas vezes recorrem àqueles medianeiros, considerando-os consultores. Entre os médicos não espíritas muitos admitem e até constatam as curas operadas mediunicamente. Alguns frequentam os centros espíritas no desejo de estudar os processos com que se restauram pessoas por eles reputadas incuráveis.

A um desses clínicos acompanhei, por algum tempo. Curioso, avidamente observando os trabalhos dizia, em face dos resultados obtidos:

- Eu acho isso tudo absurdo, mas devo estar em erro, porque no fim sai certo.

No terceiro mês de suas investigações, descobriu que tinha qualidades de médium, e quis aproveitá-las, na esperança de facilitar as suas pesquisas. Começou a receber espíritos. Eu marcava, no relógio, a hora de sua incorporação e a da desincorporação. O maior período daquela dói de uma hora e vinte minutos. Ao reintegrar-se em sua personalidade, perguntou-me:

- Que fiz nessa hora? Não me lembro. Parece-me que estive dormindo, mas estou cansado. O meu protetor trabalhou?

- Trabalhou e brilhantemente.

Sério, o médico considerou:

- Pode ser que ele faça maravilhas, mas desde com o meu corpo, e sem o meu conhecimento, não me serve a companhia:

Acrescentou:

- Os espíritos são egoístas, não revelam o que sabem. Aqui não se aprende nada. Deixo a Tenda e deixo o espiritismo.

E confessou num sorriso:

-Estou quase arrependido de ter emprestado o meu corpo. Receio que esse ilustre defunto possa encarapitar-se no meu lombo, sem o meu consentimento, e faça brilharetos que me comprometam.

Foi dissipado esse receio.

Extraido do livro o Espiritismo, a magia e as sete linhas de Umbanda, cap 2 - Leal Souza

sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Bhagavad Gita: a Bíblia Sagrada da Índia


O Bhagavad Gita ou "a canção do Senhor", é uma antiga escritura indiana sagrada que consiste em dezoito capítulos do sexto livro do épico Mahabharata.

O gita é apresentado na forma de um diálogo entre o grande avatar Senhor Krishna e seu discípulo Arjuna na véspera da histórica batalha no campo de Kurukshetra.

Em essência o Gita é um tratado profundo sobre a ciência do yoga e sua união com a divindade (Deus) e uma prescrição atemporal para a felicidade e o sucesso em nossa vida cotidiana.

O Gita é uma dissertação espiritual sobre a batalha interna entre as tendências boas e más do homem em sua encarnação atual, e ensina também como vencê los. Dependendo de cada contexto, Sri Krishna simboliza o guru, o professor; Arjuna representa o devoto e o aprendiz.

Algumas citações e ensinamentos do gita

CAPÍTULO XVI: As Naturezas Divina e Demoníaca

Luxúria, raiva e ganância — estas constituem o portão triplo do inferno que leva à destruição do bem-estar da alma. Estas três, portanto, o homem deve abandonar. — Bhagavad Gita cap XVI:21

CAPÍTULO VIII: Alcançando o Supremo

Aquele que, ao chegar a hora da morte, fixar seu ar vital entre as sobrancelhas e, pela força da yoga, com mente indesviável, ocupar-se em lembrar do Senhor Supremo com devoção plena, com certeza alcançará a Suprema Personalidade de Deus. - Bhagavad Gita cap VIII:10

CAPÍTULO XVIII: A Perfeição da Renúncia

Os atos de sacrifício, caridade e penitência não devem ser abandonados, ma sim executados. Na verdade, sacrifício, caridade e penitência purificam até as grandes almas. - Bhagavad Gita cap XVIII:5

- Márcio

Sexo e Religião

Rergunta - Como pode a alma, que não alcançou a perfeição durante a vida corpórea, acabar de depurar-se ?

Resposta - Sofrendo a prova de uma nova existência. »

Pergunta - Como realiza essa nova existência? Será pela sua transformação como Espírito?

Resposta - Depurando-se, a alma indubitavelmente experimenta uma transformação, mas para isso necessária lhe é a prova da vida corporal.»

Item n.° 166, de «O Livro Dos Espíritos».

Dar-se-á o fato de se isentar alguém dos impulsos e inquietações sexuais, simplesmente por haver assumido compromissos de natureza religiosa?
Claro que a lógica responde no espírito de seqüência da natureza.

A criatura que abraça encargos dessa ordem está procurando ou aceitando para si mesma aguilhões regeneradores ou educativos, de vez que ordenações e providências de caráter externo não transfiguram milagrosamente o mundo íntimo. As realizações da fé, por isso mesmo, se concretizam à base de porfiadas lutas da alma, de si para consigo.
Ninguém se burila de um dia para outro.

De que modo alienar condições inerentes à própria vida do Espírito, acalentadas, no curso das eras, tão somente em função de afirmativas verbais? E entendendo-se que as Leis do Universo não destroem o instinto, mas transformam-no em razão e angelitude, na passagem dos evos, pelos mecanismos da sublimação, de que forma exigir a extinção dos estímulos genésicos em alguém, tão-só porque esse alguém se consagre ao Serviço Divino da Fé, quando esses mesmos estímulos são ingredientes da vida e da evolução, criados pela mesma Providência Divina para a sustentação e a elevação de todos os seres?

Compreendida a inalienabilidade dos problemas sexuais nas individualidades representativas das idéias religiosas no mundo, é mais que razoável considerar que essas individualidades, em grande maioria, solicitaram para si próprias os controles de feição moral a que transitoriamente se vinculam, no tentame de extraírem deles o proveito máximo, a favor de si próprias.

Efetivamente, Espíritos superiores e já erguidos a notáveis campos de elevação, unicamente por amor e sacrifício, tomam assento nas organizações religiosas da Terra, volvendo à reencarnação em atividades socorristas, nas quais impulsionam o progresso dos seus irmãos.

Esses missionários do devotamento vibram em faixas de amor sublime, quase sempre inacessível à compreensão dos seus contemporâneos.
Não ocorrem análogas circunstâncias entre aqueles outros que renascem sob regime disciplinar, requisitados por eles contra eles mesmos, de vez que grande número desses obreiros das idéias religiosas, reencarnados em condições de prova, demonstram dificuldades e inibições múltiplas, no corpo e na mente, quando não sofrem exagerada tendência aos desvarios sexuais - tendência essa que habitualmente os mantém recolhidos ao medo de qualquer expansão afetiva. Temendo as manifestações do amor e bastas vezes condenando indebitamente os companheiros da Humanidade, pelo fato de se acomodarem a uniões respeitáveis e dignas, na generalidade receiam a si próprios e censuram os semelhantes, no impulso inconsciente de lhes copiar a independência e a conduta.

Daí surgem os incidentes menos felizes - quantas vezes ! - em que vemos expositores ardentes e apaixonados, dessa ou daquela idéia religiosa, tombando em experiências emotivas, muito mais complicadas e deploráveis do que aquelas outras que eles próprios reprovavam no caminho e na vida dos companheiros... Aliás, registe-se que o fenômeno é mais que justo, porquanto, aceitando os distintivos de determinada seara religiosa, o Espírito impõe a si mesmo um fator de frenagem e autopoliciamento, sem que as marcas exteriores de fé signifiquem mais que um convite ou um desafio a que se aperfeiçoe, de acordo com os princípios de acrisolamento que abraça.

Instruções religiosas exteriores não alteram, de improviso, os impulsos do coração, conquanto se erijam em fortaleza de luz, amparando a criatura que a elas se acolhe para o serviço de autoaprimoramento.

Qualquer professor na Terra há-de se identificar com os alunos, no campo das experiências naturais do cotidiano, a fim de que se estabeleça, entre eles, o fio da compreensão mútua, unindo vanguarda e retaguarda do esforço para a escalada do grupo ao conhecimento.

Um anjo e uma equipe de criaturas humanas não entrariam em relacionamento ideal para rendimento ideal do ensino. À vista disso, somos nós mesmos, Espíritos endividados ante as Leis do Universo, que nos enlaçamos uns com os outros, encarnados e desencarnados, aperfeiçoando gradativamente as qualidades próprias e aprendendo, à custa de trabalho e tempo, como alcançar a sublimação que demandamos, em marcha laboriosa para a conquista dos Valores Eternos.

Extraído do livro Vida e Sexo, por Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Emmanuel

quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Limpar a mente

Os bons costumes tornam a mente límpida e clareiam o verbo, enriquecendo-o, para que os ouvintes sejam estimulados ao exercício do bem eterno. A poluição mental turva a consciência e conturba o raciocínio, deixando a alma trôpega no vaso da carne. O homem civilizado não tem o costume diário de higienizar o corpo? Pois a mente, na verdade, tem grande necessidade de limpeza, tanto quanto o corpo, por ser o centro da vida que comanda todo a massa somática.

E esse trabalho começa como a chuva: divide-se em bilhões de gotículas, mas farta a humanidade e a natureza, limpa a atmosfera e destampa as minúsculas aberturas das árvores, de onde promana o oxigênio puro, no vigor da própria existência. Assim, a chuva, para a mente, há de surgir nessas mesmas proporções: bilhões ou trilhões de pequenos esforços, somando uma torrente de energias vivas, conduzindo todo o entulho da consciência por canais apropriados. E a pureza do raciocínio faz nascer um clima enriquecido para as belezas imortais do amor, da alegria e da fraternidade. Sugestiona o ser à procura de Deus e a obedecer às leis.

A castidade mental é obra de grande importância para a nossa supremacia espiritual, sem as sutilezas da arrogância e as manobras do orgulho. Devemos nos esforçar todos os dias, a partir do momento em que nos alistamos no exército do Cristo. Como espíritos, mesmo no mundo, mas à procura da luz, compreendamos, na urgência das nossas necessidades, que renovação é tema central da alma - ovelha que reconhece o pastor, atendendo os seus magnânimos convites, pela inteligência e pelo coração.

A elegância dos pensamentos ajusta o meio ambiente em que viveis, para chamados fraternos e para uma conversação sadia, desamarrando do núcleo da vida, a expressão do amor, de modo a participar, na mesma freqüência, a razão. Para que tudo isso se faça, o esforço próprio é imprescindível, dia a dia. A auto-educação haverá de se processar passo a passo, e a vigilância deve arregimentar todas as forças possíveis nessa imensurável batalha que somente termina na pureza espiritual, para começar outros labores, em escalas que escapam ao raciocínio humano.

A vida é um turbilhão de vidas sucessivas, que se associam por lei de esforços e de obediências correlatas. No homem, o começo do sofrimento é princípio de maturidade. É, pois, a força do progresso atingindo a sua farda física, para que o corpo espiritual se atualize nas necessidades maiores. Os grandes golpes na alma clareiam seu caminho para certas mudanças na arte de viver melhor.
Escrevemos para todos, é certo. No entanto, endereçamos nossas mensagens, com mais intimidade, aos despertos, aos companheiros conscientes dos seus deveres ante a escalada do Mestre. Se começais hoje a vos renovar na vida que levais, amanhã sereis torturados impiedosamente pelas forças contrárias, donde resulta a desistência de muitos estudantes da verdade, por ignorarem que o ataque, a maledicência, a injúria, o desprezo são outras tantas forças do bem, revestidas aparentemente de inimigos. Todavia, o que Jesus disse nos conforta sobre maneira: “Aquele que perseverar até o fim, será salvo”.
Associemos nossos esforços aos regimes das leis de Deus, respeitando-as em todas as suas nuances. Se algo faltar de nossa parte, nunca haverá de ser a persistência, como onda de luz a transformar as nossa boas intenções em realidades.

Higienizemos a nossa mente, sem afrontá-la agressivamente. A experiência nos aconselha que o trabalho paciente e constante vencerá obstáculos que se nos afiguram em posição irremovível. Na verdade, a mente plasma o que os olhos vêem, como máquina fotográfica pronta para disparar tendo em mira o objetivo visado. Não obstante, poderemos fechar o diafragma. Assim sucede com os ouvidos, assim se processa na formação das idéias. Orar e vigiar é atitude certa para que a mente não se suje mais. E o trabalho de limpeza deve ser eficiente, diminuindo a carga corrosiva acumulada em muitos séculos. Um pouco de boa vontade vos colocará, com habilidade, nesse saneamento, e o conceitos que propomos nesse livro são, um tanto um quanto, companheiros da limpeza espiritual, convidando a todos para a libertação.

Extraído originalmente do livro "Horizontes da Mente", de João Nunes Maia, pelo espírito Miramez

quarta-feira, 20 de novembro de 2024

L.E: Agrada a Deus a prece?


"
A prece é sempre agradável a Deus, quando ditada pelo coração, pois, para Ele, a intenção é tudo. Assim, preferível Lhe é a prece do íntimo à prece lida, por muito bela que seja, se for lida mais com os lábios do que com o coração. Agrada-Lhe a prece, quando dita com fé, com fervor e sinceridade. Mas, não creias que o toque a do homem fútil, orgulhoso e egoísta, a menos que signifique, de sua parte, um ato de sincero arrependimento e de verdadeira humildade.”

(Retirado do Livro dos Espíritos na questão-658, Cap. 2 – Da Lei de Adoração)

quarta-feira, 13 de novembro de 2024

O perispírito: instrumento do espírito

"Servir-me-ei dos mais simples termos e imagens para fazê-los compreender os fenômenos do espaço. Quando vocês desencarnarem, constatarão que radiações de desigual intensidade escapam do perispírito e podem alcançar consideráveis velocidades.

“Cada espírito, de acordo com seu grau de evolução, possui um aparelho vibratório de maior ou menor perfeição, isto é, um instrumento adaptado a seu ser. Do ser material emanam irradiações fluídicas pouco sutis, não celestes, e cujas vibrações são quase nulas; no ser evoluído, ao contrário, a irradiação fluídica pode ser comparada a uma corda de um dos instrumentos terrestres, muito fina, muito sensível e cujas vibrações são excessivamente agudas. O ser não-evoluído possui essa mesma corda, porém é como se ela estivesse mergulhada em argila.

“Eis portanto o ser desencarnado em movimento no espaço.

Quando suas tendências o levam em direção à matéria, suas emanações fluídicas não transmitirão ao perispírito senão sensações materiais. Porém, quanto mais a evolução se acentua, mais as sensações materiais se atenuam e se apagam, o feixe de emanações fluídicas adquire mais sutilidade, poder, delicadeza, suavidade.

“Sob a influência da prece, com os conselhos e a assistência de seus guias, esse espírito evoluirá numa atmosfera totalmente fluídica. Suas próprias radiações se encontrarão com as correntes fluídicas do espaço e daí resultarão sensações maravilhosas de sonoridades, percebidas por todo o ser.

“O ser evoluído vive em esferas fluídicas onde reinam correntes de variada intensidade e de composições diversas. As ondas musicais anulam-se ao contato imediato do planeta terrestre, cujos fluidos são muito materiais. É preciso subir mais alto para perceber os acordes da lira celeste. Há até mesmo seres que, do ponto de vista moral, são perfeitos, mas que não experimentam as vibrações.

“Uma educação estética é necessária; falaremos sobre isso mais adiante.”

Massenet

Comentários

O corpo humano é um instrumento complexo e maravilhoso, que se adapta ao meio terrestre e a nossas múltiplas necessidades. No entanto ele é apenas o revestimento material, relativamente grosseiro, desse corpo sutil, o perispírito, de que nos fala Massenet, e que todos nós possuímos tanto durante a vida como após a morte.

A existência desse perispírito é demonstrada pelos fenômenos de exteriorização dos vivos e pelas aparições fotografadas dos mortos, freqüentemente relatadas na Revue Spirite (Revista Espírita).

Esse corpo sutil, admirável por sua flexibilidade e sensibilidade, é o envoltório imperecível da alma, e como ela, suscetível de purificação e progresso. Ele vibra aos menores impulsos do espírito e transmite ao corpo físico as vibrações forçosamente reduzidas. É por isso que na vida do espaço, tanto durante o sono quanto após a morte, o perispírito experimenta mais vivamente as influências dos meios onde penetra.

Ele possui recursos mais extensos, meios de percepção desconhecidos pelos homens, mas dos quais alguns conservam a intuição ao despertarem após o desprendimento e as viagens espirituais da noite.

Nesse conjunto que constitui o homem, a alma, ou a inteligência, é a nota dominante. A correlação entre os dois envoltórios, físico e perispiritual, diz respeito a uma lei única, a das vibrações.

O papel e o funcionamento do perispírito continua sendo um dos mais interessantes temas de estudo do espiritismo; ele contém em germe todos os segredos da fisiologia e da psicologia, que serão esclarecidos à medida que nossas relações com os desencarnados se ampliem e se multipliquem. Através dele obteremos novos dados sobre as condições da vida no além e em geral sobre o modo de ação do espírito desprendido do corpo material.

Extraído do livro O Espiritismo na Arte, Cap 6, de Léon Denis

terça-feira, 12 de novembro de 2024

A força do amor


O amor, essência de Deus, possui imenso poder e tudo vence, a todos transforma e em toda parte estabelece a harmonia e a luz.

Encontra o amor inúmeros obstáculos por nós erguidos, mas que terminam por ceder ante sua enorme força. E a maioria desses obstáculos são íntimos, não externos. No entanto, costumamos clamar contra as trevas exteriores, dando menor importância às interiores. Mas, como poderá existir luz no mundo enquanto não a houver em nosso íntimo? Que trabalho de pacificação terá resultado se persistimos na inquietude? Poderá vencer o amor enquanto criarmos alternativas de desentendimento? 

Demos mãos mais fortes a Jesus para que as suas encontrem apoio em seu ininterrupto abençoar e servir, e façamos de nossos corações receptáculos dignos das dádivas do divino amor que nos cabem distribuir.

Extraído do livro Comentários Evangélicos, pelo espírito Bezerra de Menezes

terça-feira, 5 de novembro de 2024

A Transfusão do Pensamento IV


O ativo labor dos centros espíritas, sendo vário, é consagrado, uniformemente, aos menos em intenção, ao bem estar e a felicidade do próximo. 

Fazem-se, em certas sociedades, e, sobretudo em algumas entroncadas no velho Oriente, concentrações telepáticas coletivas, sempre com objetivos elevados, tendo em vista efeitos determinados. 

Denominam-nas, às vezes, mentalizações, outras, volições; não raro, volatilizações, e na maioria dos grêmios, concentrações. Consistem elas em transmitir a dada pessoa, com o fim de influir beneficamente em sua conduta, uma onda forte de pensamento, muitas vezes carregada de magnetismo, que a envolva, sugerindo-lhe primeiro, e conduzindo-a depois, às realizações dos atos julgados necessários à sua felicidade, ou a de outrem. 

Assim, num agrupamento reputado entre os adeptos do espiritismo, consagra-se uma sessão semanal diurna à “harmonia dos lares”, procurando, durante duas horas, por meio dessas correntes telepáticas, reajustar os elos de união dos casais em desentendimento. 

Talvez haja quem não acredite na eficácia desse generoso esforço, mas a minha impressão, baseando-se em pacientes observações, é que são muitíssimos os casos em que os transmissores obtêm êxito completo, e numerosos aqueles em que conseguem atenuar dissídios e desavenças domésticas. 

Com as mesmas designações, e mediante o mesmo processo, procurase reabastecer de fluidos, à distância, um indivíduo de forças psíquicas depauperadas. 

Neste caso, as mentalizações são comparáveis a transfusão do sangue com que um indivíduo sadio concorre fraternalmente para a restauração de um enfermo, e quem as faz também se despoja, em benefício do próximo, de energias necessárias ao equilíbrio de seu organismo. 

Os praticantes das mentalizações, porém, fazendo-as coletivamente, não se exaurem, e com facilidade, ajudados, às vezes, pelos seus guias, mediante o simples repouso das horas noturnas, readquirem os fluidos com que acudiram o irmão abatido e prostrado. Aliás, em todos os centros, ocorre diariamente esse fenômeno da transfusão de energias psíquicas aos débeis e doentes, pois na maioria dos casos, os passes são, sem que o saiba com clareza quem os dá, uma satisfação da pobreza enfermiça de uns, com a abundância saudável de outros. 

E não só nos centros, é principalmente nos lares que se opera, nos transportes do carinho materno, esse milagre de transfusão. Junto ao leito dos filhos atingidos pelas moléstias, as mães, no desesperado receio de perdê-los, desprendem de seu organismo poderosas ondas de fluidos magnéticos, que os envolvem e completam a ação dos remédios.

Extraído do livro O Espiritismo, a magia e as sete linhas de Umbanda, Cap 2 - Leal Souza

segunda-feira, 4 de novembro de 2024

A Bíblia e o espírita


Os idólatras da Bíblia se comportam como gladiadores, manuseando-a como espada flamejante contra os que não se arrimam nela, tendo por alvo predileto os espíritas. Entendemos que os seguidores da Doutrina Espírita não devem temer a Bíblia, nem as ameaças das penas que dela efluem, dardejadas pelos biblidólatras.

Carlos Imbassahy, o saudoso e combativo defensor da Doutrina, ao ser questionado sobre qual seria a Bíblia dos espíritas, respondeu sem titubear: "nenhuma". Aquela, resposta se coaduna com o pensamento espírita, uma vez que não é aquele livro a baliza para o comportamento dos seguidores de Kardec.

No seu conteúdo, a Bíblia guarda coisas boas e más, contém contradições e absurdos científicos de tal monta que não pode ser levada a sério e, muito menos causar temor aos espíritas. Como exemplo dos disparates, basta comparar o que diz o versículo 18 do Capítulo I, de João, onde está escrito: "ninguém jamais viu a Deus, o Deus unigênito que está no seio do Pai, é que o revelou".

Pois bem, aí está dito que ninguém viu a Deus; agora, leiamos o que está em Êxodo, XXXIII, versículo 11: "falava o Senhor a Moisés, face a face...". 

Vê ou não vê, fala ou não fala, face a face? De qualquer modo, mostra uma das milhares de contradições do livro, que pode ser bom, mas não é a palavra de Deus e não pode servir para condenar ninguém.

Além da arca de Noé, com trezentos côvados de comprimento, por trinta de largura e quinze de altura que dá um volume aproximado de cento e trinta mil metros cúbicos, para comportar sete casais dos animais puros, dois casais dos impuros, de todos os que existiam, bem como alimento para quarenta dias e noites, da Torre de Babel, que embora indo aos Céus não deixou vestígios, da parada do sol e da lua, como absurdos científicos, temos, ainda, o conciliábulo de Deus com um espírito mentiroso, para espalhar mentiras pelo mundo e que está em I, Reis, Capítulo XXII, versículos 19 a 23, onde, entre outras besteiras, lemos: " Micaias prosseguiu: Ouve, pois, a palavra do Senhor: vi o Senhor assentado no seu trono (e veja que Deus nunca foi visto), e todo o exército do céu estava junto a ele, à sua direita e à sua esquerda. Perguntou o Senhor: quem enganará a Acabe, para que suba e caia em Ramote - Gileade? Então saiu um espírito e se apresentou diante do Senhor e disse: Eu o enganarei. Perguntou-lhe o Senhor: com o quê? Respondeu ele: sairei e serei espírito mentiroso na boca de todos os seus profetas. Disse o Senhor: tu o enganaras; e ainda prevalecerás; sai e faze-o assim. Eis que o Senhor pôs o espírito mentiroso na boca de todos estes teus profetas, e o Senhor falou o que é mau contra ti".

Crendo, como cremos, que Deus é sabedoria e bondade infinitas, não poderíamos admitir que Ele se mancomunasse com espíritos mentirosos, para espalhar mentiras e fazer o mal.

Por estas e outras, tenho a Bíblia como um livro humano, com virtudes e defeitos, não a tomando como norma de comportamento. Por isso, não devem causar temores, as ameaças de penas eternas brandidas pelos seus idólatras.

Preferimos continuar crendo num Deus de Justiça, que não mente, não faz guerra e não condena seus filhos à perdição eterna.

Fonte: Portal do Espírito, escrito por Esse Capelli

sábado, 2 de novembro de 2024


A fé é a confiança da criatura em seus destinos, é o sentimento que a eleva à infinita Potestade, é a certeza de estar no caminho que vai ter à verdade. A fé cega é como o farol cujo vermelho clarão não pode traspassar o nevoeiro; a fé esclarecida é foco elétrico que ilumina com brilhante luz a estrada a percorrer.

Ninguém adquire essa fé sem ter passado pelas tribulações da dúvida, sem ter padecido as angústias que embaraçam o caminho dos investigadores. Muitos param em esmorecida indecisão e flutuam longo tempo entre opostas correntezas. Feliz quem crê, sabe, vê e caminha firme. A fé então é profunda, inabalável, e o habilita a superar os maiores obstáculos. Foi neste sentido que se disse que a fé transporta montanhas, pois, como tais, podem ser consideradas as dificuldades que os inovadores encontram no seu caminho, ou sejam as paixões, a ignorância, os preconceitos e o interesse material.

Geralmente, considera-se a fé somente como crença em certos dogmas religiosos, aceitos sem exame. Mas a verdadeira fé está na convicção que nos anima e nos arrebata para os ideais elevados. Há a fé em si próprio, em uma obra material qualquer, a fé política, a fé na pátria. Para o artista, para o pensador, a fé é o sentimento do ideal, é a visão do sublime fanal aceso pela mão divina, nos alcantis eternos, a fim de guiar a Humanidade ao Bem e à Verdade.

E' cega a fé religiosa que anula a razão e se submete ao juízo dos outros, que aceita um corpo de doutrina verdadeiro ou falso, e a ele se cativa totalmente Na sua impaciência e nos seus excessos, a fé cega recorre facilmente à perfídia, à subjugação, e conduz ao fanatismo.

Ainda sob este aspecto, ela é um poderoso incentivo, pois tem ensinado os homens a se humilharem e a sofrerem. Pervertida pelo espírito de domínio, ela tem sido a causa de muitos crimes , mas, em suas conseqüências funestas , também deixa transparecer as suas grandes vantagens.

Ora, se a fé cega pôde produzir tais efeitos, o que não fará a fé esclarecida pela razão, a fé que julga, discerne e compreende? Certos teólogos nos exortam a desprezar a razão, a renegá-la, a rebatê-la.

Deveremos por isso repudiá-la, mesmo quando ela nos mostra o bem e o belo? Esses teólogos alegam os erros em que a razão caiu e parecem esquecer lastimosamente que a razão foi quem descobriu esses erros e nos ajudou a corrigi-los.

A razão é uma faculdade superior, destinada a esclarecer-nos sobre todas as coisas e que, como todas as outras faculdades, se desenvolve e se aumenta pelo exercício. A razão humana é um reflexo da Razão eterna. E, Deus em nos. disse S. Paulo. Desconhecer-lhe o valor e a utilidade é menosprezar a natureza humana, é ultrajar a própria Divindade. Querer substituir a razão pela fé é ignorar que ambas são solidárias e inseparáveis, que se consolidam e se vivificam uma à outra. A união de ambas abre ao pensamento um campo mais vasto: harmoniza as nossas faculdades e nos traz a paz interna.

A fé é mãe dos nobres sentimentos e dos grandes feitos. O homem profundamente firme e convicto é imperturbável diante do perigo, do mesmo modo que nas tribulações. Superior às lisonjas, às seduções, às ameaças, ao bramir das paixões, ele ouve uma voz ressoar nas profundezas da sua consciência, instigando-o à luta, encorajando-o nos momentos perigosos.

Para produzir tais resultados, a fé precisa repousar na base sólida que lhe oferecem o livre exame e a liberdade de pensamento. Em vez de dogmas e mistérios, cumpre que ela só reconheça princípios decorrentes da observação direta, do estudo das leis naturais. Tal é o caráter da fé espírita.

Extraído do livro "Depois da Morte", de Léon Denis

sexta-feira, 1 de novembro de 2024

A Didaxis do Natal

Os grandes mestres já trazem a vocação de ensinar ao nascer. E por isso costumam ensinar desde cedo. Jesus, ainda menino, quando os outros estão aprendendo, ensinava aos doutores do Templo em Jerusalém. Fatos semelhantes ocorreram com muitas criaturas geniais em todo mundo. Mas não há registro positivo de alguém que fizesse de toda a sua vida, desde o ato de nascer até a morte, uma didaxis contínua, uma lição incessante. Este é um dos fatos que destacam o Mestre Supremo entre todos os mestres, que caracterizam o Gênio dos gênios.

Gautama Buda era príncipe e nasceu num palácio. Viveu nos esplendores da corte até descobrir as dores do mundo. Mas Jesus escolher para berço a manjedoura. Nasceu na pobreza e na humildade. E assim viveu, para depois morrer na ignonímia. Aquele que devia salvar o mundo e redimir os homens fez-se o menor e o mais desprezado de todos. Seu nascimento foi a primeira lição que ele dava aos orgulhosos e poderosos da Terra. Depois ensinaria que não se necessita de títulos, de posições, de riqueza e de poder temporal para remover o mundo da órbita da ignorância. E por fim nos deu duas espantosas lições finais: a morte na cruz e o túmulo vazio, mostrando-nos que a injustiça eleva o justo e que a morte desaparece à luz da ressurreição.

Mas o didaxis do Natal tem a sua simbologia. Foi a sua primeira parábola, não falada, mas vivida. O fato de Maria dar à luz em um estábulo não era estranho na Judéia do tempo. Os estábulos eram dependências da casa que podiam também servir às criaturas humanas, particularmente no inverno, quando o calor dos animais domésticos ajudava a aquecer o ambiente. Os estábulos de inverno eram geralmente montados em uma gruta, para que os animais ficassem mais defendidos nas noites gélidas. Os rigores do inverno obrigavam os homens a se fraternizarem com seus irmãos e servidores mais humildes, os animais domésticos.

Nascendo assim em um estábulo Jesus não incidia em nenhuma excentricidade, mas dentro dos próprios costumes do povo, como faria em toda a sua vida, transmitiria aos homens a mais bela parábola. A criança entre as palhas da manjedoura era como a mônada celeste lançada no seio da matéria. Os animais que a cercavam ajudavam Maria a dar-lhe o calor do sangue e da carne. A centelha celeste era assim envolvida na ganga da encarnação terrestre, com os instintos animais da carne a prendê-la ao chão do mundo, mas com a ternura espiritual de Maria a fortalecê-la para a vitória do espírito.

A visita dos Magos, relatada por Mateus, mostra-nos a sabedoria terrena curvando-se, reverente ante o saber celeste e prestando-lhe a sua homenagem.

A fúria de Herodes o grande e de Jerusalém com ele revela-nos a hostilidade ciumenta dos grandes da Terra contra os verdadeiros emissários do Alto. A convocação dos principais sacerdotes e dos escribas do povo pelo rei alarmado é o incitamento dos poderes humanos contra os poderes divinos.

Temos assim na didaxis do Natal, a primeira prova da legitimidade da missão de Jesus. Quando o Buda nasceu os jardins do palácio rebentaram em flores e perfume. Mas quando Jesus nasceu os anjos cantaram na fímbria do horizonte e os pastores se ajoelharam nos campos nevados, trêmulos de emoção, sem sentirem o frio do inverno. Não queremos desmerecer a grandeza espiritual do Buda e de outros grandes missionários espirituais, mas a didaxis do Natal nos lembra que o Messias judeu era realmente o Mestre dos Mestres, o professor por excelência.

O Espiritismo encara os Evangelhos na sua realidade histórica, como textos inspirados mas de redação humana, sujeitos às influências culturais da época e do meio em que foram redigidos e também às condições pessoais de cada evangelista. Mas reconhece a legitimidade dos seus ensinos espirituais e morais e tem o mais profundo respeito pelo sentido alegórico de episódios como o do Natal. Por isso o Natal espírita não se reveste de formalidades exteriores, mas não deixa de considerar o sentido espiritual do grande evento cristão.

Extraído originalmente do livro "O Infinito e o Finito", de José Herculano Pires