quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

De toda a parte

Por Casimiro Cunha 

Lisonja é moeda falsa
Cunhada pela ilusão
Que a nossa própria vaidade
Coloca em circulação.

Virtude eleita e sublime
Que em solidão se consome
É diamante belo e frio
Que não nos sacia a fome.

A fama é tuba comprida
De curto discernimento
Que toca mais à fortuna
Que ao justo merecimento.

Evita a bajulação
Que te aparece na estrada.
A língua do adulador
É qual lâmina de espada.

O sábio corrige em si,
Na luta em que se rodeia,
Aquilo que o desagrada
No campo da vida alheia.

Ajuda com diligência,
Sem condições e sem ágio.
O auxílio tardo é socorro
Que vem depois do naufrágio.

A coragem da justiça
Tem gritos de tempestade,
Mas perdão e paciência
São as forças da humildade.

Uma palavra que emende,
Uma palavra que corte…
Uma pode dar a vida,
Outra pode dar a morte.

Dinheiro, poder, conforto,
Nadando em vida insegura,
São tormentos da riqueza
Sobre o trono da fartura.

Se desejas luz e paz
Na aflição que te aniquila,
Procura contigo mesmo
A consciência tranquila.

XAVIER. Francisco Cândido. Gotas de Luz. Pelo Espírito Casimiro Cunha. FEB. 1953.

Mediunismo e Espiritismo


As ciências sociais têm uma grande contribuição a dar  ao estudo do Espiritismo. Quem viu isso com mais clareza, segundo nos parece, foi Ernesto Bozzano. O grande discípulo italiano de Herbert Spencer, profundamente ligado ao  desenvolvimento dos estudos sociológicos, uma vez atraído para o campo dos estudos espíritas, soube aplicar a este o conhecimento adquirido em outros campos. Seus trabalhos sobre as manifestações supranormais entre os povos selvagens, publicados na revista milanesa “Luce e Ombra”, em 1926, posteriormente reunidos no livro  POPOLI PRIMITIVI E MANIFESTAZIONI SUPERNORMALI, representamuma das mais poderosas contribuições para o esclarecimento histórico do problema espírita. Kardec já havia esclarecido que os fatos espíritas são de todos os tempos, uma vez que a mediunidade é uma condição natural da espécie humana. Mas é com Bozzano que temos a primeira penetração espírita no exame antropológico e sociológico do homem primitivo, revelando­nos, com base em investigações científicas, as formas pré­históricas do fenômeno mediúnico. Aliás, os estudos de Bozzano levam­ mais longe, pois revelam também as origens mediúnicas da religião. 

Temos assim uma teoria espírita da gênese da crença na sobrevivência, que se apresenta como uma síntese das teorias opostas da teologia e da sociologia. Para maior clareza do nosso estudo, servimo­nos do esquema que nos fornece o chamado  “método cultural”, dos antropólogos ingleses, aplicado por John Murphy, com pleno êxito, em seus estudos sobre as origens e a história das religiões. Método usado na antropologia cultural e no estudo das religiões comparadas, aplica­se perfeitamente às necessidades de clareza do nosso estudo. Seu  esquema é constituído pelos “horizontes culturais”, dentro dos quais o desenvolvimento humano pode ser analisado na amplitude de cada uma das suas fases. É evidente que não vamos muito além do esquema. Nosso intuito não é o estudo antropológico, nem o das religiões comparadas, mas apenas o esclarecimento do problema espírita. Os “horizontes culturais” são os meios em que se desenvolveram as diferentes fases da evolução humana.

A expressão é metafórica. Chama­se, por exemplo, “horizonte primitivo”, o mundo do homem primitivo. A palavra horizonte mostra que devemos encarar esse homem dentro dos limites da nossa visão, de todas as condições do meio físico e social em que ele vivia, na paisagem cultural fechada pelos horizontes do mundo primitivo. Podemos assim examinar cada fase em seu meio, cada homem em seu mundo, compreendendo­os melhor.
O estudo de Bozzano, embora anterior a esse método, integra­se nele. O “horizonte primitivo” é geralmente dividido em três formas: o primitivo propriamente dito, o anímico e o agrícola. Em nosso esquema, reduzimos as duas primeiras formas a uma única: o “horizonte tribal”, que nos permite abranger numa visão geral o problema mediúnico do homem primitivo, e destacamos a terceira forma, dando­lhe autonomia. Isso porque o  “horizonte agrícola” tem interesse especial no tocante à mediunidade. 

Assim, nosso esquema da fase pré­histórica do Espiritismo é o seguinte: horizonte tribal, agrícola, civilizado, profético e espiritual. Até o  “horizonte profético”, segundo Murphy. O “horizonte espiritual” é uma formulação nova, exigida pelo Espiritismo. O horizonte tribal caracteriza­se pelo mediunismo primitivo. Adotamos a palavra mediunismo, criada por Emmanuel para designar a mediunidade em sua expressão natural, pois é evidente que ela corresponde com precisão ao nosso objetivo. Mediunismo são as práticas empíricas da mediunidade. Dessa maneira, temos as formas sucessivas do mediunismo primitivo, do mediunismo oracular e do mediunismo bíblico, só atingindo a mediunidade positiva no horizonte espiritual, que surge com o Espiritismo. Somente com o Espiritismo a mediunidade se define como  uma condição natural da espécie humana, recebe a designação precisa de “mediunidade” e passa a ser tratada de maneira racional e científica. Convém deixar bem clara a distinção entre fatos espíritas e doutrina espírita, para compreendermos o que Kardec dizia, ao afirmar que o Espiritismo está presente em todas as fases da história humana. Os fatos espíritas — assim chamados os fenômenos ou  as manifestações mediúnicas —  são de todos os tempos. As práticas mágicas ou  religiosas, baseadas nessas manifestações, constituem o Mediunismo, pois são práticas mediúnicas. A doutrina espírita é uma interpretação  racional das manifestações mediúnicas. Doutrina ao mesmo tempo científica, filosófica e religiosa, pois nenhum desses aspectos pode ser esquecido, quando tratamos de fenômenos que se relacionam com a vida do homem na terra e sua sobrevivência após a morte, sua vida e seu destino espiritual. É enorme a confusão  feita pelos sociólogos neste assunto, seguindo de maneira desprevenida a confusão proposital feita pelos adversários do Espiritismo.
Os estudos sociológicos do mediunismo referem­se sempre ao espiritismo. Entretanto, a palavra Espiritismo, criada por Allan Kardec, em 1857, e por ele bem explicada na introdução de O LIVRO DOS ESPÍRITOS, designa uma doutrina por ele elaborada, com base na análise dos fenômenos mediúnicos e graças aos esclarecimentos que os Espíritos lhe forneceram, a respeito dos problemas da vida e da morte. As práticas do chamado  “sincretismo religioso afro­brasileiro”, por  exemplo, não são espíritas. O sincretismo religioso é um fenômeno sociológico natural. O Espiritismo é uma doutrina. Defrontamo­nos, neste ponto, com uma complexidade que também tem dado margem a confusões. Os fatos mediúnicos são fatos espíritas, assim chamados pelo próprio Kardec, mas não são Espiritismo. Porque o Espiritismo se serve dos fatos mediúnicos como  de uma matéria ­prima, para a elaboração de seus princípios, ou como de uma força natural, que aproveita de maneira racional. Exatamente como a hidráulica se serve das quedas d’água ou do  curso dos rios para a produção de energia. 

Esclarecidos estes pontos; podemos passar à análise dos fenômenos mediúnicos no horizonte tribal.

Extraído do livro O Espírito E O Tempo - Capítulo 1 - Horizonte Tribal e Mediunismo Primitivo

Deus e o Infinito


1. Que é Deus?

“Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.”

(Vide Nota Especial nº 1, da Editora (FEB), última página deste livro).

2. Que se deve entender por infinito?

“O que não tem começo nem fim: o desconhecido; tudo o que é
desconhecido é infinito.”

3. Poder­se­ia dizer que Deus é o infinito?

“Definição incompleta. Pobreza da linguagem humana, insuficiente para definir o que está acima da linguagem dos homens.”

Deus é infinito em suas perfeições, mas o infinito é uma abstração. Dizer que Deus é o infinito é tomar o atributo de uma coisa pela coisa mesma, é definir uma coisa que não  está conhecida por uma outra que não o está mais do que a primeira.

Extraído de O livro dos Espíritos - Cap 1 - Deus e o Infinito

Para viver melhor


A importância do perdão, de modo geral, ainda não foi claramente compreendida pelos companheiros domiciliados no Plano Físico.

O Espírito, em estágio na Terra, é um inquilino do corpo em que reside transitoriamente.

Imaginemos o usufrutuário da moradia a martelar estruturas da sua própria casa, em momentos de revolta e azedume. Quanto mais repetidos os acessos de amargura e ressentimento, mais ampla a depredação em prejuízo próprio.

Esse é o quadro exato da criatura, habituada às reações negativas, nos instantes de prova ou desagrado. Daí nascem muitas das moléstias obscuras, diagnosticáveis ou não, agravando as condições do veículo físico, já de si mesmo frágil e vulnerável, embora maravilhosamente constituído.

Se tens mágoa contra alguém, observa que esse alguém não terá agido com os teus conceitos e pensamentos.

O amor nos vinculará sempre a determinado grupo de pessoas, entretanto, em nosso próprio benefício, amemo-las, tais quais são, sem exigir que nos amem, sob pena de cairmos frequentemente em desequilíbrio e abatimento.

Doemos alma e coração aos seres queridos, sem escravizá-los a nós e sem nos escravizarmos a eles.

Por muito se nos enlacem no mundo físico, sob as teias da consanguinidade, saibamos deixá-los libertos de nós, a fim de serem o que desejam, na certeza de que a escola da experiência não funciona inutilmente.

A criança é responsabilidade nossa e responderemos, ante as leis da vida, pela proteção ou pelo abandono que estejamos devotando aos pequeninos confiados à nossa tutela temporária.

Os adultos, porém, são donos dos próprios atos e, não será justo chamar a nós, as consequências das empresas a que se adaptem ou dos caminhos que escolham, tanto quanto não seria razoável, atribuir a eles os resultados de nossas próprias ações.

Perdão e tolerância são alavancas de sustentação da nossa paz íntima.

Desculpar faltas e agravos será libertar-nos de choques e golpes que vibraríamos sobre nós mesmos, criando em nós e para nós, dilapidações e doenças de resultados imprevisíveis.

Ensinou-nos o Cristo: — “Perdoa não sete vezes mas setenta vezes sete vezes.” 

Isso, na essência, quer dizer que não somente nos cabe esquecer as ofensas recebidas em proveito próprio, mas também significa que seria ilógico disputar atenção e carinho daqueles que porventura nos agridam, já compromissados, por eles mesmos, nas equações infelizes das atitudes a que se afeiçoem.

 Em suma, para quem quiser na Terra trabalhar e progredir com mais saúde e paz, alegria e segurança, vale a pena perdoar constantemente para viver sempre melhor.

(XAVIER. Francisco Cândido. Amigo. Pelo Espírito Emmanuel. CEU. 1979.)

terça-feira, 21 de janeiro de 2025

Os Preto-Velhos


Revista Cristã de Espiritismo

Entrevista:

A respeito dos pretos–velhos, a senhora poderia tecer alguns comentários a respeito da linha e da forma plasmada/roupagem fluídica utilizada pelos espíritos que nela militam?

Vó Benedita:

 – A linha de pretos-velhos, meus filhos, é uma linha como qualquer outra dentro da Umbanda. Um grande equívoco é pensar que todo preto–velho foi negro, ou morreu velho em sua última encarnação, o que muitos sabem, não é bem verdade. Existem muitos irmãos que utilizam a aparência de preto–velho, mas nunca foram escravos no Brasil nem em qualquer lugar do mundo. Na verdade essa linha nasce como forma de organização de todo um contingente de espíritos que iriam atuar dentro do movimento umbandista que surgia. As primeiras linhas fundamentadas foram a de caboclo e pretos–velhos.

Utilizou–se uma figura mítica já presente dentro da cultura brasileira e criou–se toda uma linha de trabalho, onde todos os seus representantes teriam trejeitos e características similares. Surgia a linha de preto–velho, uma linha transmissora da calma, da sapiência, da humildade, detentora do conhecimento sobre os Orixás e que, acima de tudo, falaria ao simples de coração até ao mais erudito doutor, sempre com palavras de amor e espalhando luzes dentro da espiritualidade terrena. Era uma forma de identificar e aproximar a população ao culto nascente. Era uma forma de homenagem.

Era também uma forma de hierarquizar e organizar. Além disso, temos a questão arquetípica e mítica por detrás de cada uma das linhas. Os pretos-velhos estão fundamentados no arquétipo do sábio, ou, "ancião", aquele que com as experiências vividas alcançou a sabedoria. Em cima desse arquétipo, criou-se muitos mitos dentro da cultura universal, onde a figura do ancião sempre foi utilizada como símbolo para a sapiência. Um dos mitos brasileiros para esse arquétipo é a figura do preto-velho, que sofreu, tinha poucas condições, mas tudo isso superou, com fé, amor, determinação etc. Na verdade, dentro da figura simbólica do preto-velho vemos um ideal de luta e superação das pessoas.

(Fonte: Revista Cristã de Espiritismo)

Anotações preventivas

Pelo espírito André Luiz

Retome o seu dia, buscando olvidar as ocorrências infelizes da véspera.
A casa protegida, habitualmente, promove faxinas pela manhã.

Se alguém se lhe fixou na mente como sendo um ponto enfermiço, envolva a imagem desse alguém no bálsamo da prece.
Uma chaga no corpo exige recurso cicatrizante.

Lance boatos e injúrias ao cesto do esquecimento.
A moradia claramente limpa reclama a presença do esgoto.

Abstenha-se de entreter assuntos alusivos à delinquência.
Ninguém lava as mãos num vaso de lama.

Dissipe tentações no calor do trabalho.
As aranhas não resistem ao espanador em movimento.

Ganhe distância dos ambientes que lhe incitem a alma à distorção e ao desequilíbrio.
Não se lembraria você de banhar-se num pântano.

Evite comentários deprimentes.
Você não serviria um bolo envenenado aos amigos.

Resguardemos o coração nas fontes do bem, pensemos no bem e procuremos falar e agir para o bem, porque servir ao bem dos outros é a melhor forma de atividade preventiva contra enfermidade e perturbação nos domínios da nossa vida mental.

XAVIER. Francisco Cândido. Busca e Acharás. Pelos Espíritos Emmanuel e André Luiz. IDEAL. 1976.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

Pobres de espírito e espíritos pobres


"Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus."

(Mateus, V, 3.)

Deus quer Espíritos ricos de amor e pobres de orgulho. Os "pobres de espírito" são os que não têm orgulho, os espíritos ricos são os que acumulam tesouros nos Céus, onde a traça não os rói e os ladrões não os alcançam.

Os "pobres de Espírito sãos os humildes, que nunca mostram saber o que sabem, e nunca dizem ter o que têm; a modéstia é o seu distintivo, porque os verdadeiros sábios são os que sabem que não sabem!

É por isso que a humildade se tornou cartão de ingresso no Reino dos Céus.

Sem a humildade, nenhuma virtude se mantém. A humildade é o propulsor de todas as grandes ações e rasgos de generosidade, seja na Filosofia, na Arte, na Ciência, na Religião.

Bem-aventurados os humildes; deles é o Reino dos Céus!

Os humildes são simples no falar; sinceros e francos no agir; não fazem ostentação de saber nem de santidade; abominam os bajulados e servis e deles se compadecem.

A humildade é a virgem sem mácula que a todos discerne sem poder ser pelos homens discernida

Tolerante em sua singeleza, compadece-se dos que pretendem afrontá-la com o seu orgulho; cala-se às palavras loucas dos papalvos; suporta a injustiça, mas folga com a verdade!

A humildade respeita o homem, não pelos seus haveres, mas por suas virtudes. A pobreza de paixões, de vícios, de baixas condições que prendem ao mundo, e o desapego de efêmeras glórias, de egoísmo, de orgulho, amparam os viajores terrenos que caminham para a perfeição.

Foi esta a pobreza que Jesus proclamou: pobreza de sentimentos baixos, pobreza de caráter deprimido. Quantos pobres de bens terrenos julgam ser dignos do Reino dos Céus, e, entretanto, são almas obstinadas e endurecidas, são seres degradados que, sem coberta e sem pão, repudiam a Jesus e se fecham nos redutos de uma fé bastarda, que, em vez de esclarecer, obscurece, em vez de salvar, condena!

Não é a ignorância e a baixa condição que nos dão o Reino dos Céus, mas, sim, os atos nobres: a caridade, 0 amor, a aquisição de conhecimentos que nos permitam alargar o plano da vida em busca de mais vastos horizontes, além dos que avistamos!

Se da imbecilidade viesse a "pobreza de espírito" que dá o Reino dos Céus, os néscios, os cretinos, os loucos não seriam fustigados na outra vida, como nos dizem que são, quando de suas relações conosco.

Pobres de espírito são os simples e retos, e não os orgulhosos e velhacos; pobres de espírito são os bons que sabem amar a Deus e ao próximo, tanto quanto amam a si próprios.

Pobres de espírito são os que estudam com humildade, são os que sabem que não sabem, são os que imploram de Deus o amparo indispensável às suas almas.

Para estes é que Jesus disse: "Bem aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus."

(Extraído do livro Parábolas e Ensinos de Jesus – Espírito Caírbar Schutel)

O Dever


7. O dever é a obrigação moral da criatura para consigo mesma, primeiro, e, em seguida, para com os outros. O dever é a lei da vida. Com ele deparamos nas mais ínfimas particularidades, como nos atos mais elevados. Quero aqui falar apenas do dever moral e não do dever que as profissões impõem.

Na ordem dos sentimentos, o dever é muito difícil de cumprir-se, por se achar em antagonismo com as seduções do interesse e do coração; suas vitórias não têm testemunhas, e suas derrotas não têm repressão. O dever íntimo do homem fica entregue ao seu livre-arbítrio; o aguilhão da consciência, essa guardiã da probidade interior, o adverte e sustenta, mas é quase sempre impotente diante dos sofismas da paixão. O dever do coração, fielmente observado, eleva o homem; como determiná-lo, porém, com exatidão? Onde começa ele? onde termina? O dever começa, para cada um de vós, exatamente no ponto em que ameaçais a felicidade ou a tranqüilidade do vosso próximo; termina no limite que não desejais ninguém transponha com relação a vós.

Deus criou todos os homens iguais para a dor. Pequenos ou grandes, ignorantes ou instruídos, sofrem todos pelas mesmas causas, a fim de que cada um julgue em sã consciência o mal que pode fazer. Com relação ao bem, infinitamente vário nas suas expressões, não é o mesmo o critério. A igualdade em face da dor é uma sublime providência de Deus, que quer que seus filhos, instruídos pela experiência comum, não pratiquem o mal alegando ignorância de seus efeitos.

O dever é o resumo prático de todas as especulações morais; é uma bravura da alma que enfrenta as angústias da luta; é austero e brando; pronto a dobrar-se às mais diversas complicações, conserva-se inflexível diante das suas tentações. O homem que cumpre o seu dever ama a Deus mais do que as criaturas e as criaturas mais do que a si mesmo. Ele é ao mesmo tempo juiz e escravo em sua própria causa.

O dever é o mais belo laurel da razão; descende desta como de sua mãe o filho. O homem tem de amar o dever, não porque preserve de males a vida, males aos quais a Humanidade não pode subtrair-se, mas porque confere à alma o vigor necessário ao seu desenvolvimento.

O dever cresce e irradia sob mais elevada forma, em cada um dos estágios superiores da Humanidade. Jamais cessa a obrigação moral da criatura para com Deus. Tem esta de refletir as virtudes do Eterno, que não aceita esboços imperfeitos, porque quer que a beleza da sua obra resplandeça a seus próprios olhos. – Lázaro. (Paris, 1863.) 

Do O Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo XVII - Sede perfeitos

domingo, 19 de janeiro de 2025

A Obsessão


1 – Existe relação entre obsessão e correntes mentais?

Quem se refere à obsessão há de reportar-se, necessariamente, a correntes mentais. O pensamento é a base de tudo.

2 – Todos temos desafetos do passado?

Inegável que todos carreamos ainda, do pretérito ao presente, enorme carga de desafetos.

3 – Qual a nossa posição, depois de desencarnados, quando não somos integralmente bons, nem integralmente maus?

Quando desencarnados, em condições de relativamente felizes, guardadas as justas exceções, somos equiparados a devedores em refazimento, habilitando-nos, pelo trabalho e pelo estudo, ao prosseguimento do resgate dos compromissos de retaguarda.

4 – Onde somos defrontados com mais freqüência pelos desafetos do passado, na Terra ou no Plano Espiritual?

É compreensível que seja na esfera física que mais direta e freqüentemente nos abordem aqueles mesmos espíritos a quem ferimos ou com quem nos acumpliciamos na delinqüência.

5 – Como poderemos classificar aqueles que em outras existências nos foram inimigos ou de quem fomos adversários e que, no presente, desempenham, na base da profissão ou da família, o papel de nossos companheiros ou parentes?

São eles as testemunhas de nosso aperfeiçoamento, experimentando-nos as energias morais, quando não lhes suportamos o permanente convívio, por força das provas regenerativas que trazemos ao renascer. Acompanham-nos por instrumentos do progresso a que aspiramos, vigiam-nos as realizações e policiam-nos os impulsos.

6 – Quando estaremos realmente em paz com todos aqueles que ainda são para nós aversões naturais ou pessoas difíceis?

Um dia, chegaremos a agradecer-lhes a colaboração, imitando o aluno que, incomodado na escola, se rejubila, mais tarde, por haver passado sob atenção de professor exigente.

7 – Como se transformam os nossos adversários do passado?

Nos processos de obsessão, urge reconhecer que os nossos opositores ou adversários se transformam para o bem, à medida que, de nossa parte, nos transformaremos para melhor.

8 – As sessões de desobsessão tem valor? Em que condições?

Toda recomendação verbal e todo entendimento pela palavra, através das sessões de desobsessão, se revestem de profundo valor, mas somente quando autenticados pelo nosso esforço de reabilitação íntima, sem a qual todas as frases enternecedoras passarão, infrutíferas, qual música emocionante sobre a vasa do charco.

9 – Em que tempo e situação nos podem atingir os fenômenos deprimentes da obsessão?

Salientando-se que o pensamento é alavanca de ligação, para o bem ou para o mal, é muito fácil perceber que os fenômenos deprimentes da obsessão podem atingir-nos, em qualquer condição e em qualquer tempo.

10 – É preciso que o obsidiado observe a própria vida mental para contribuir para as próprias melhoras?

Sim. As correntes mentais são tão evidentes quanto as correntes elétricas, expressando potenciais de energias para realizações que nos exprimem direção, propósito ou vontade, seja para o mal ou para o bem.

11 – Qual o papel do desejo, da palavra, da atividade e da ação no fenômeno obsessivo?

Cada um de nós é um acumulador por si, retendo as forças construtivas ou destrutivas que geramos. Desejo, palavra, atitude a ação representam eletroimãs, através dos quais atraímos forças iguais àquelas que exteriorizamos, no rumo dos semelhantes.

12 – Quais as conseqüências para alguém que se detém em qualquer aspecto do mal?

Deter-se, em qualquer aspecto do mal, é aumentar-lhe a influência, sobre nós e sobre os outros.

13 – Qual a relação entre as manifestações do sentimento aviltado e os desequilíbrios da personalidade?

Todas as manifestações de sentimento aviltado, quais sejam a calúnia e a maledicência, a cólera e o ciúme, a censura e o sarcasmo, a intemperança e a licensiociosidade,  estabelecem a comunicação espontânea com os poderes que representam, nos círculos inferiores da natureza, criando distonias e enfermidades, em que se levantam fobias e fixações, desequilíbrios e psicoses, a evoluírem para alienação mental declarada.

14 – O que nos acontece moralmente quando emitimos um pensamento?

Emitindo um pensamento, colocamos um agente energético em circulação no organismo da vida – agente esse que retornará fatalmente a nós, acrescido do bem ou do mal de que o revestimos.

15 – Qual a relação entre nossos pontos vulneráveis e o retorno do mal que praticamos?

Compreendendo-se que cada um de nós possui pontos vulneráveis, no estado evolutivo deficitário que ainda nos encontramos, toda vez que o mal se nos associe a essa ou aquela idéia, teremos o mal de volta a nós mesmos, agravando-se doenças e fraquezas, obsessões e paixões.

16 – O que recebemos dos outros?

Assimilamos dos outros o que damos de nós.

17 – Que imagens reflete o espelho da mente?

A mente pode ser comparada a espelho vivo, que reflete às imagens que procura.

18 – Qual o nexo existente entre a obsessão e os interesses da criatura?

A obsessão, em qualquer tipo pelo qual se expresse, está fundamente vinculada aos processos mentais em que se baseiam os interesses da criatura.

19 – As companhias tem influência na obsessão?

Assevera o  Cristo – “Busca e acharás”. Encontraremos, sim , os companheiros que buscamos, seja para o bem ou para o mal.

20 – Qual a solução mais simples ao problema da obsessão?

Consagremo-nos à construção do bem de todos, cada dia e cada hora, porquanto caminhar entre espíritos nobres ou desequilibrados, sejam eles encarnados e desencarnados, será sempre questão de escolha e sintonia.

(Extraído originalmente do livro "Leis de Amor", do ítem V, médium Francisco C. Xavier e
Waldo Vieira - pelo espírito Emmanuel - FEESP)

sábado, 18 de janeiro de 2025

Exus e Kiumbas - O Combate


Ao contrário do que se pensa, os exus não são os diabos e espíritos malignos ou imundos que algumas religiões pregam, tampouco são   espíritos endurecidos ou obsessores que um grande número de espíritas crêem.

Os "diabos" ou demônios são seres mitológicos, já "desvendados" pela doutrina espírita, portanto, não existem.

Espíritos trevosos ou obsessores são espíritos que se encontram desajustados perante a Lei. Provocam os mais variados distúrbios morais e  mentais nas pessoas, desde pequenas confusões, até as mais duras e tristes obsessões. São espíritos que se comprazem na prática do mal, apenas por sentirem prazer ou por vinganças, calcadas no ódio doentio. 

Aguardam, enfim, que a Lei os "recupere" da melhor maneira possível (voluntária ou involuntariamente).

São conhecidos, pelos umbandistas, como kiumbas. Vivem no baixo astral, onde as vibrações energéticas são densas.

Este baixo astral é uma enorme "egrégora" formada pelos maus pensamentos e atitudes dos espíritos encarnados ou desencarnados.
Sentimentos baixos, vãs paixões, ódios, rancores, raivas, vinganças, sensualidade desenfreada, vícios de toda estirpe, alimentam esta faixa vibracional e os kiumbas se comprazem nisso, já que se sentem mais fortalecidos.

O baixo astral, mesmo sendo um imenso caos, tem diversas organizações, fortemente 
esquematizadas e hierarquizadas. Planos bem elaborados, mentes prodigiosas, táticas de 
guerrilhas, precisões cirúrgicas, exércitos bem aparelhados e treinados, compõe o quadro destas organizações.

Muitas delas agem na plena certeza de cumprirem os desígnios da Lei Divina, onde 
confundem a Lei da Ação e Reação com o "olho por olho, dente por dente". Vingam-se pensando que fazem a coisa certa.

Algumas agem no mal, mesmo sabendo que estão contra a Lei, mas enquanto a vingança não se consumar, não haverá trégua para os seus "inimigos". Acham que não plantam o mal, nem que a reação se voltará mais cedo ou mais tarde.

Cada mal praticado por um espírito, o leva a cada vez mais para "baixo". As quedas são 
freqüentes e provocam mais e mais revoltas.
Alguns espíritos caem tanto que perdem a consciência humana, transformando-se (ou plasmando) os seus corpos astrais (perispíritos) em verdadeiras feras, animais, bestas e assim são usados por outros espíritos como tais. Alguns se transformam em lobos, cães, cobras, lagartos, aves, etc.

Outros espíritos chegam ao cúmulo da queda que perdem as características humanas, 
transformando os seus perispíritos em ovóides. Esta queda provoca além da perda de energias, a perda da consciência; ficando, com isso subjugados por outros espíritos.

Apesar de todo este quadro, pouco esperançoso, das trevas. Mesmo sabendo que no nosso orbe o mal prevalece sobre o bem, há também o lado da Luz, da Lei, do Bem. E este lado é ainda
mais organizado que as organizações das trevas.

(Fonte: Sociedade Espiritualista Mata Virgem)

terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Oração de Mãe


Pelo Espírito Agar

Deus de Infinita Bondade!

Puseste astros no céu e colocaste flores na haste agressiva... A mim deste os filhos e, com os filhos, me deste o amor diferente, que me rasga as entranhas, como se eu fosse roseira espinhosa, que mandasse carregar uma estrela!...

Aceitaste minha fragilidade a teu serviço, determinando que eu sustente com a maternidade o mandato da vida; entretanto, não me deixes transportar, sozinha, um tesouro assim tão grande! Dá-me forças, para que te compreenda os desígnios; guia-me o entendimento, para que a minha dedicação não se faça egoísmo; guarda-me em teus braços eternos, para que o meu sofrimento não se transforme em cegueira.

Ensina-me a abraçar os filhos das outras mães, com o carinho que me insuflas no trato daqueles de que enriqueceste minh’alma!
Faze-me reconhecer que os rebentos de minha ternura são depósitos de tua bondade, consciências livres, que devo encaminhar para a tua vontade e não para os meus caprichos.

Inspira-me humildade para que não se tresmalhem no orgulho por minha causa. Concede-me a honra do trabalho constante, a fim de que eu não venha precipitá-los na indolência. Auxilia-me a querê-los sem paixão e a servi-los sem apego. Esclarece-me para que eu ame a todos eles com devotamento igual.

No entanto, Senhor, permite-me inclinar o coração, em teu nome, por sentinela de tua bênção, junto daqueles que se mostrarem menos felizes!... Que eu me veja contente e grata se me puderem oferecer mínima parcela de ventura, e que me sinta igualmente reconhecida se, para afagá-los, for impelida a seguir nos caminhos do tempo, sobre longos calvários de aflição!...

E, no dia em que me caiba entregá-los aos compromissos que lhes reservaste, ou a restituí-los às tuas mãos, dá que, ainda mesmo por entre lágrimas, possa eu dizer-te, em oração, com a obediência da excelsa Mãe de Jesus: "Senhor, eis aqui tua serva! Cumpra-se em mim, segundo a tua palavra!..."

Extraído do livro Mãe, pelo médium Francisco Cândido Xavier, Espírito Agar

segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

O Espírito protetor abandona às vezes o protegido, quando este se mostra rebelde às suas advertências?


Afasta-se, quando vê que os seus conselhos são inúteis e que é mais forte a vontade do protegido em submeter-se à influência dos Espíritos inferiores, mas não o abandona completamente e sempre se faz ouvir. É o homem quem lhe fecha os ouvidos. Ele volta, logo que chamado.

Há uma doutrina que deveria converter os mais incrédulos, por seu encanto e por sua doçura: a dos anjos da guarda. Pensar que tendes sempre ao vosso lado seres que vos são superiores, que estão sempre ali para vos aconselhar, vos sustentar, vos ajudar a escalar a montanha escarpada do bem, que são amigos mais firmes e mais devotados que as mais íntimas ligações que se possam contrair na Terra, não é essa uma ideia bastante consoladora? Esses seres ali estão por ordem de Deus, que os colocou ao vosso lado; ali estão por seu amor, e cumprem junto a vós todos uma bela mas penosa missão. Sim, onde quer que estiverdes, vosso anjo estará convosco: nos cárceres, nos hospitais, nos antros do vício, na solidão, nada vos separa desse amigo que não podeis ver, mas do qual vossa alma recebe os mais doces impulsos e ouve os mais sábios conselhos.

Ah, por que não conheceis melhor esta verdade? Quantas vezes ela vos ajudaria nos momentos de crise; quantas vezes ela vos salvaria dos maus Espíritos! Mas, no dia decisivo, este anjo de bondade terá muitas vezes de vos dizer: “Não te avisei disso? E não o fizeste! Não te mostrei o abismo? E nele te precipitaste! Não fiz soar na tua consciência a voz da verdade, e não seguiste os conselhos da mentira?” Ah, interpelai vossos anjos da guarda, estabelecei entre vós e eles essa terna intimidade que reina entre os melhores amigos! Não penseis em lhes ocultar nada, pois eles são os olhos de Deus e não os podeis enganar! Considerai o futuro; procurai avançar nesta vida, e vossas provas serão mais curtas, vossas existências mais felizes. Vamos, homens, coragem! Afastai para longe de vós, de uma vez por todas, preconceitos e segundas intenções! Entrai na nova vida que se abre diante de vós, marchai, marchai! Tendes guias, segui-os: a meta não vos pode faltar porque essa meta é o próprio Deus.

Aos que pensassem ser impossível a Espíritos verdadeiramente elevados se restringirem a uma tarefa tão laboriosa, e de todos os instantes, diremos que influenciamos as vossas almas embora estando a milhões de léguas de distância: para nós, o espaço não existe, e mesmo vivendo em outro mundo, nossos Espíritos conservam sua ligação convosco. Gozamos de faculdades que não podeis compreender, mas estai certos de que Deus não nos impôs uma tarefa acima de nossas forças, nem vos abandonou sozinhos sobre a Terra, sem amigos e sem amparo. Cada anjo da guarda tem o seu protegido e vela por ele, como um pai vela pelo filho. Sente-se feliz quando o vê no bom caminho, chora quando os seus conselhos são desprezados.

Não temais fatigar-nos com as vossas perguntas; permanecei, pelo contrário, sempre em contato conosco: sereis então mais fortes e mais felizes. São essas comunicações de cada homem com o seu Espírito familiar que fazem médiuns a todos os homens, médiuns hoje ignorados, mas que mais tarde se manifestarão, derramando-se como um oceano sem bordas, para fazer refluir a incredulidade e a ignorância. Homens instruídos, instrui; homens de talento, educai os vossos irmãos. Não sabeis que obra assim realizais: é a do Cristo, a que Deus vos impõe. Por que Deus vos concedeu a inteligência e a ciência, se não para as repartirdes com vossos irmãos, para os adiantar na senda da aventura e da eterna bem-aventurança?

São Luís, Santo Agostinho.

Comentário de Kardec: A doutrina dos anjos da guarda velando pelos protegidos, apesar da distância que separa os mundos, nada tem que deva surpreender; pelo contrário, é grande e sublime. Não vemos sobre a Terra um pai velar pelo filho, ainda que esteja distante, e ajudá-lo com seus conselhos através da correspondência? Que haveria de admirar em que os Espíritos possam guiar, de um mundo ao outro, os que tomaram sob a sua proteção, pois se, para eles, a distância que separa os mundos é menor que a que divide os continentes, na Terra? Não dispõem eles do fluido universal, que liga todos os mundos e os torna solidários, veículo imenso da transmissão do pensamento, como o ar é para nós o veículo da transmissão do som?

Extraído de O Livro dos Espíritos, Cap VI, Questão 495.

sábado, 11 de janeiro de 2025

O Copo, a Prancheta e a Mesa VII

Sensitivo expelindo ectoplasma

Os fenômenos de efeitos físicos são vulgares, sendo facilmente verificáveis em qualquer ambiente, porém nos centros espíritas cariocas são estudados apenas esporadicamente, por um ou outro pesquisador ocasional.

Quase todas as famílias, ainda as que não são espíritas, conhecem e não raro efetuam as experiências do copo, da prancheta, ou da mesa. As duas primeiras se assemelham. Escreve-se o alfabeto em círculo, destacando-se cada letra, e aço centro da roda se coloca o copo, dos de vidro ou cristal, sempre pequeno, ou a prancheta, e sobre aquele, em contato leve, um dedo, ou sobre esta, a mão. O espírito, por incorporação incompleta, ou pela posse e domínio parciais dos órgãos necessários, impulsiona o braço do médium, conduzindo o copo ou a prancheta às letras precisas para a formação das palavras tradutoras do seu pensamento. Mas o mais aconselhável, por dar menos motivos às dúvidas, é o espírito operar somente com os fluidos do médium, que pode ficar de olhos fechados acompanhando-o, porém, com o braço, os movimentos do copo ou da prancheta que lhe levam a mão, orientando-a.

Mas, em circunstâncias favoráveis, sendo homogênea a corrente de pensamento, a prancheta e o copo se movem e deslocam, atingindo as letras, sem contato das mãos do médium.

Uma ocasião em nossa casa, a conselho de um espírito, para atenuar a perturbação de pessoa de nossa família, fizemos uma experiência vulgar com uma pequena mesa de três pés, e como o exercício se tornasse monótono, enervando-nos, tentamos trabalhos mais difíceis, sem grande confiança em seu resultado. Adaptamos um lápis a uma caixa de fósforos, perfurando-a; pusemos esse engenho sobre uma folha de papel e o médium abriu as mãos por cima do lápis, encaixado, sem tocá-lo, a um palmo de altura. Em menos de cinco minutos, ouvimos a caixa estalar, como se comprimissem, e vimo-la, em seguida, mexer-se, e, fazendo pressão sobre o lápis, escrever: “Com Deus”.

Nas experiências com a mesa, geralmente a volatilização dos fluidos do médium se faz pela região do plexo solar e, sem perder a ligação com o aparelho humano, se condensa numa coluna que se apóia no solo e sobe, levantando a mesa.

A energia desses fluidos, conforme a constituição do médium, alcança a sua potencialidade máxima, num período que varia entre cinco e quinze minutos.

Quando fiz pesquisas dessa natureza para estudar os trabalhos fluídicos dos espíritos que se apresentam como sendo de caboclos e pretos obtive demonstrações interessantes.

Sabeis, perguntou-me uma vez o guia, “que no corpo humano há um elemento, propriedade, essência, ou fluido, que desintegrado dele tem mais força do que o próprio organismo integrado”?

- Teoricamente, respondi.

Chamou um dos médiuns, uma moça franzina de 21 anos, e mandou-a colocar as mãos sobre uma mesa para dezesseis pessoas, que em menos de dez minutos se elevou a altura tal, que o médium, para não perder-lhe o contato, teve de erguer os braços e ficar quase em pontas de pés. Concluída essa fase da prova, mandou o guia o mesmo médium levantar a mesa com os braços, naturalmente, e a senhorita, não obstante os seus esforços, só lograva alçar-lhe numa das cabeceiras, ou um dos lados, mas nunca o todo.

Grawport, na Irlanda, conseguiu que os espíritos extraíssem o fluido de um médium, para pesá-lo.

Postos, este, numa balança, e aquele em outra, a que recebia os fluidos acuso o peso de 28 quilos e a do médium assinalou em seu peso uma diminuição correspondente, mas a experiência foi suspensa porque o paciente começou a sofrer angustias e aflições, com ameaças de vertigem.

O transporte de objetos de um para outro lugar, através de distâncias várias, e que não tive oportunidade de estudar convenientemente, é feito, segundo os espíritos, mediante um processo de desmaterialização e rematerialização.

(Extraido do livro o Espiritismo, a magia e as sete linhas de Umbanda, de Leal Souza)