quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

O jugo leve

Vinde a mim, todos vós que estais aflitos e sobrecarregados, que Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei comigo que sou brando e humilde de coração e achareis repouso para vossas almas, pois suave é o meu jugo e leve o meu fardo. (Mateus, 11:28 a 30.)

Todos os sofrimentos: misérias, decepções, dores físicas, perda de seres amados, encontram sua consolação na fé no futuro, na confiança na Justiça de Deus, que o Cristo veio ensinar aos homens. Sobre aquele, ao contrário, que nada espera após esta vida, ou que simplesmente duvida, as aflições caem com todo o seu peso e nenhuma esperança vem amenizar o seu amargor. Foi isso que levou Jesus a dizer: “Vinde a mim todos vós que estais fatigados, que Eu vos aliviarei”.

Entretanto, Jesus estabelece uma condição para a sua assistência e a felicidade que promete aos aflitos. Essa condição está na lei por Ele ensinada. Seu jugo é a observância dessa lei, mas esse jugo é leve e a lei é suave, pois que apenas impõe, como dever, o amor e a caridade.

O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap VI, item 1

Na tarefa da própria salvação


Na Sessão pública, de 14 de fevereiro de 1958, do Centro Espírita Luiz Gonzaga, de Pedro Leopoldo, em Minas, pedimos, por escrito, ao Espírito do Dr. Bezerra de Menezes que nos dissesse algo a respeito de seus Lindos Casos, aos quais, humilde e sinceramente, demos a moldura descolorida de nossa palavra escrita, e, ele, como sempre modesto e piedoso, atendeu-nos pelo lápis de Chico Xavier, enviando-nos estas palavras de luz que lhe traem a grandeza espiritual e que nos recordam os deveres inadiáveis que temos para com o Divino Mestre, que, através dos Mais Lindos Casos da Sua passagem pela Terra, vestiu a Vida de uma Paisagem nova, revelando -nos o Amor de Deus e deixando-nos o Roteiro salvacionista de Sua Boa Nova. 

— “Meu filho: Ê difícil falar acerca de nós mesmos. Peçamos a Deus nos faça servidores da Causa de nosso Divino Mestre, diante de Quem somos tão somente espíritos endividados, com inadiáveis imperativos de trabalho na Tarefa da própria salvação. 

Bezerra! 

Todavia, Os Lindos Casos de Bezerra de Menezes, que, por gratidão e estima, opulentam este Livro, registam também Lições Evangélicas, modalidades cristãs de servir, de amar e viver e valem, por isto, na Hora Presente, ainda que pobremente emoldurados, por um Roteiro seguro, com o qual, espíritos endividados que ainda somos, diante do Amigo Celeste, poderemos realizar o trabalho de nossa própria salvação. Com esta intenção sincera, rogamos a Jesus que ilumine mais e mais o Espirito do Dr. Bezerra de Menezes e os de quantos, em lendo Seus Lindos Casos, se dêem pressa de realizar a Tarefa Salvadora, entendendo e praticando, assim, as Lições Sagradas do Evangelho, o Livro da Vida e da nossa redenção!

terça-feira, 30 de janeiro de 2024

Na grande romagem


"Pela fé, Abraão, sendo chamado, obedeceu, indo para um lugar que havia de receber por herança; e saiu, sem saber para onde ia.” – Paulo. (Hebreus, 11:8.)

Pela fé, o aprendiz do Evangelho é chamado, como Abraão, à sublime herança que lhe é destinada.

A conscrição atinge a todos.

O grande patriarca hebreu saiu sem saber para onde ia...

E nós, por nossa vez, devemos erguer o coração e partir igualmente.

Ignoramos as estações de contacto na romagem enorme, mas estamos informados de que o nosso objetivo é Cristo Jesus.

Quantas vezes seremos constrangidos a pisar sobre espinhei- ros da calúnia? quantas vezes transitaremos pelo trilho escabroso da incompreensão? quantos aguaceiros de lágrimas nos alcança- rão o espírito? quantas nuvens estarão interpostas, entre o nosso pensamento e o Céu, em largos trechos da senda?

Insolúvel a resposta.

Importa, contudo, marchar sempre, no caminho interior da própria redenção, sem esmorecimento.

Hoje, é o suor intensivo; amanhã, é a responsabilidade; de- pois, é o sofrimento e, em seguida, é a solidão...

Ainda assim, é indispensável seguir sem desânimo.

Quando não seja possível avançar dois passos por dia, deslo- quemo-nos para diante, pelo menos, alguns milímetros.

Abre-se a vanguarda em horizontes novos de entendimento e bondade, iluminação espiritual e progresso na virtude.

Subamos, sem repouso, pela montanha escarpada:

- vencendo desertos;
- superando dificuldades;
-varando nevoeiros;
- eliminando obstáculos.

Abraão obedeceu, sem saber para onde ia, e encontrou a rea- lização da sua felicidade.

Obedeçamos, por nossa vez, conscientes de nossa destinação e convictos de que o Senhor nos espera, além da nossa cruz, nos cimos resplandecentes da eterna ressurreição.

Do livro: Fonte Viva
Médium: Francisco Cândido Xavier / Emmanul

Anjo da Guarda


Meu anjo da guarda 
Bem aventurado
Eu sempre com vós 
Que tenho apegado

Quando eu for chegando 
Por aquele senhor 
Livrai meu anjo da guarda 
De grande favor 

Senhor com Jesus 
Livre nós do pecado 
Só vós nos livrará 
Eu serei perdoado 

Se não me livrarás 
Muito eu hei de sentir 
Ajudai meu anjo da guarda 
Ao céu a subir 

A virgem Maria 
Por nós está rogando 
E meu anjo da guarda 
Também está me ajudando 

Lá por meio dia 
A terra tremeu 
Foi tão duro o povo 
Que não arrependeu 

As três horas da tarde 
Os povos Judeus 
Suspendei na cruz meu anjo 
O verdadeiro Deus 

Lá por meia noite 
A luz cruzou 
Foi tão forte o povo 
Que não se intimidou 

Quando foi o rogo 
Que Deus foi ávido 
Meu anjo da guarda 
De Deus querido 

Meu anjo da guarda 
Meu Jesus também 
Livrai nos do inferno 
Para todo sempre 

Amém

segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Perante Deus

Emmanuel

Se houve alguém na terra com autoridade suficiente para definir o Supremo Criador do Universo, esse alguém foi Jesus, que O representava, sublime, à frente da humanidade.

Entretanto, para desincumbir-se da divina missão de revelá-LO a nós outros, não se perde em cogitações da inteligência, de vez que a inteligência é fatalmente constrangida a renovar-se, todos os dias.

Nem presunção.
Nem retórica.
Nem violência.
Nem fantasia.

O Mestre Inolvidável serviu apenas, elegendo o amor puro e irrestrito, a força de sua mensagem inesquecível.

De todas as criaturas busca a melhor parte para exalçá-las à gloria excelsa. Doutrinando os doutores do Templo, não lhes menospreza a cultura.

Apenas esclarece-os. Em contato com Zaqueu, não lhe amaldiçoa os haveres. Auxilia-o a usá-los. Junto a Madalena, não lhe vergasta a condição de mulher sofredora. Soergue-lhe o bom ânimo. Ao pé dos enfermos de todos os matizes, não lhes destaca os erros e compromissos.

Ajuda-os, simplesmente. Sofrendo a negação de Pedro, não lhe condena a atitude. Espera a hora justa de ampará-lo com segurança.

Perseguido por Saulo, não lhe arroja a alma ardente aos pântanos infernais. Procura-o com bondade e transforma-o no bem.

É que somente através do amor realizado e vivido conseguiremos, de alguma sorte, sentir a grandeza do Autor de Nossos Dias.

E é ainda por essa razão que o próprio Jesus, convidado pelos discípulos a estabelecer uma norma de oração, no campo da Boa Nova, Ele que trazia das Esferas Resplandecentes a luz da eterna sabedoria, limitou-se à reverência e ao amor, ao respeito e á confiança, definindo Deus, a Causa de Toda Vida, como sendo Nosso Pai.

Do livro: Cura

Senhor Exu Caveira


Guardião Caveira

(Sergulath) - Sendo um dos maiorais que trabalham sob as ordens do exu Pinga Fogo que recebe ordem direta do Sr.Omulu, Exu Caveira é o encarregado da vigília dos cemitérios ou dos lugares onde estão enterrados os mortos,ou seja, exu responsável pelas almas!!! Qualquer trabalho a ser feito no cemitério, tem que ter uma salva a essa entidade, caso contrario o trabalho não surte o efeito desejado.

As apresentações astrais de entidades desse nome é sempre na forma de uma caveira, costumam trabalhar muito para o bem, em casos de doenças. Usam vestimenta uma capa preta.
Ao se moverem, parecem girar um pé enquanto o outro fica travado no chão. é estranho o jeito deles andarem. São bastante desembaraçados para falar. Falam apenas o necessário.

Interessam-se bastante pelos problemas das pessoas. Demoram em suas consultas (aconselhamentos).
Exu Caveira pertence a linha negativa de Yorima(pretos velhos),sendo serventia da Vovó Maria Conga.

Comandos

Exu Tata Caveira - Próculo - Exu provocador do sono da morte e manipulador de todas drogas e entorpecentes. Apresenta-se como uma caveira e vestido de preto.

Exu Brasa - Haristum - É o provocador de incêndios. Domina o reino do fogo. Concede aos que praticam magia negra o dom de andar sobre o fogo.

Exu Pemba - Blulefer - É especializado na propagação de moléstias venéreas e também favorecer todas as espécies de amores clandestinos. Apresenta-se como um mago.

Exu Maré - Pentagnony - É o Exu especializado em facilitar a invisibilidade das pessoas, dando-lhes poderes de se transportar de um lugar para outro.Sua apresentação é a de uma criatura normal.

Exu Carangola - Sidragosum - Sua especialidade é fazer com que as pessoas fiquem perturbadas e deêm gargalhadas histéricas, dançando sem ter vontade; comanda o ritmo cabalistico da dança.
Exu Arranca-Toco - Minossum - Habita as matas.É especializado no domínio de tesouros.

Exu Pagão - Bucons - É especializado na separação de casais.Tem poder de incutir ódio e ciúme nos corações humanos
Além desses, comanda também Exú do Cheiro (cheiroso) - (Aglasis) - que tem sob sua guarda outros quarenta e nove Exus.

Características:

Arma : Trabalha com galo preto, farofa de dendê, pipoca, punhal, charuto, fitas, pimenta, crânio, terra de cemitério, fundanga, pontos riscados.

Bebida : conhaque, Whisky, marafo

Erva : Bananeira

Fuma : Fuma charutos, cigarrilhas

Guia : preta (Omulu) e amarela (Yansa), tendo uma pequena caveira pendurado

Vela : velas preta, vermelha, amarela

História:

Breve preleção aos médiuns protegidos de minha falange e, portanto, sob minha tutela pessoal.
Sou exu, assentado nas forças do Sagrado Omulu e sob sua irradiação divina trabalho. Fui aceito pelo Divino Trono Mehor-yê e nomeado Exu a mais ou menos dois milênios, depois de minha última passagem pela terra, a qual fui um pecador miserável e desencarnei amarrado ao ódio, buscando a vingança, dando vazas ao meu egoísmo, vaidade e todos os demais vícios humanos que se possa imaginar.

Fui senhor de um povoado que habitava a beira do grande rio sagrado. Nossa aldeia cultuava a natureza e inocentemente fazia oferendas cruéis de animais e fetos humanos. Até que minha própria mulher engravidou e o sumo sacerdote, decidiu que a semente que crescia no ventre de minha amada, devia ser sacrificado, para acalmar o deus da tempestade.

Obviamente eu não permiti que tal infortúnio se abatesse sobre minha futura família, até porque se tratava do meu primeiro filho. Mas todo o meu esforço foi em vão. Em uma noite tempestuosa, os homens da aldeia reunidos, invadiram minha tenda silenciosamente, roubaram minha mulher e a violentaram, provocando imediato aborto e com o feto fizeram a inútil oferenda no poço dos sacrifícios.

Meu peito se encheu de ódio e eu nada fiz para conte-lo. Simplesmente e enquanto houve vida em mim, eu matei um por um dos algozes de minha esposa inclusive o tal sacerdote.
Passei a não crer mais em deuses, pois o sacrifício foi inútil. Tanto que meu povoado sumiu da face da terra, soterrado pela areia, tamanha foi a fúria da tempestade. Derre pente o que era rio virou areia e o que areia virou rio.

Mas meu ódio persistia. Em meus olhos havia sangue e tudo o que eu queria era sangue. Sem perceber estava sendo espiritualmente influenciado pelos homens que matei, que se organizaram em uma trevosa falange a fim de me ver morto também. O sacerdote era o líder. Passei então a ser vítima do ódio que semeei.

Sem morada e sem rumo, mas com um tenebroso exército de homens odiosos, avançamos contra várias aldeias e povoados, aniquilando vidas inocentes e temerosamente assombrando todo o Egito antigo. Assim invadimos terras e mais terras, manchamos as sagradas águas do Nilo de sangue, bebíamos e nos entregávamos às depravações com todas as mulheres que capturávamos. Foi uma aventura horrível.

Quanto mais ódio eu tinha, mais eu queria ter. Se eu não podia ter minha mulher, então que nenhum homem em parte alguma poderia ter. Entreguei-me a outros homens, mas ao mesmo tempo violentava bruscamente as mulheres. As crianças, lamentavelmente nós matávamos sem piedade. Nosso rastro era de ódio e destruição completas. Até que chegamos aos palácios de um majestoso faraó, que também despertava muito ódio em alguns dos mais interessados em destruí-lo, pois os mesmos não concordavam com sua doutrina ou religião.

Eis que então fomos pagos para fazer o que tínhamos prazer em fazer, matar o faraó.
Foi decretada então a minha morte. Os fiéis soldados do palácio, que eram muito numerosos, nos aniquilaram com a mesma impiedade que tínhamos para com os outros. Quem com ferro fere, com ferro será ferido. Isto coube na medida exata para conosco.
Parti para o inferno. Mas não falo do inferno ao qual os leitores estão acostumados a ouvir nas lendas das religiões efêmeras que pregam por aí.

O inferno a que me refiro é o inferno da própria consciência. Este sim é implacável. Vendo meu corpo inerte, atingido pelo golpe de uma espada, e sangrando, não consegui compreender o que estava acontecendo. Mas o sangue que jorrava me fez recordar-me de todas as minhas atrocidades. Olhei todo o espaço ao meu redor e tudo o que vi foram pessoas mortas.

Tudo se transformou derrepente. Todos os espaços eram preenchidos com corpos imundos e fétidos, caveiras e mais caveiras se aproximavam e se afastavam. Naquele êxtase, cai derrotado. Não sei quanto tempo fiquei ali, inerte e chorando, vendo todo aquele horror.

Tudo era sangue, um fogo terrível ardia em mim e isso era ainda mais cruel. Minha consciência se fechou em si mesma. O medo se apossou de mim, já não era mais eu, mas sim o peso de meus erros que me condenava. Nada eu podia fazer. As gargalhadas vinham de fora e atingiam meus sentidos bem lá no fundo. O medo aumentava e eu chorava cada vez mais. Lá estava eu, absolutamente derrotado por mim mesmo, pelo meu ódio cada vez mais sem sentido.

Onde estava o amor com que eu construí meu povoado? Onde estavam meus companheiros? Minha querida esposa? Todos me abandonaram. Nada mais havia a não ser choro e ranger de dentes. Reduzi-me a um verme, jogado nas trevas de minha própria consciência e somente quem tem a outorga para entrar nesta escuridão é que pode avaliar o que estou dizendo, porque é indescritível. Recordar de tudo isto hoje já não me traz mais dor alguma, pois muito eu aprendi deste episódio triste de minha vida espiritual.

Por longos anos eu vaguei nesta imensidão escura, pisoteado pelos meus inimigos, até o fim das minhas forças. Já não havia mais suspiro, nem lágrimas, nem ódio, nem amor, enfim nada que se pudesse sentir. Fui esgotado até a última gota de sangue, tornei-me um verme. E na minha condição de verme, eu consegui num último arroubo de minha vil consciência pedir socorro a alguém que pudesse me ajudar.

Eis que então, depois de muito clamar, surgiu um alguém que veio a tirar-me dali, mesmo assim arrastado. Recordo-me que estava atado a um cavalo enorme e negro e o cavaleiro que o montava assemelhava-se a um guerreiro, não menos cruel do que fui. Depois de longa jornada, fui alojado sobre uma pedra.

Ali me alimentaram e cuidaram de mim com desvelo incompreensível. Será que ouviram meus apelos? Perguntava-me intimamente. Sim claro, senão ainda estaria lá naquele inferno, respondia-me a mim mesmo. "-Cale-se e aproveite o alvitre que vosso pai vos concedeu."- Disse uma voz vinda não sei de onde. O que eu não compreendi foi como ele havia me ouvido, já que eu não disse palavra alguma, apenas pensei, mas ele ouviu. Calei-me por completo.

Por longos e longos anos fiquei naquela pedra, semelhante a um leito, até que meu corpo se refez e eu pude levantar-me novamente. Apresentou-se então o meu salvador. Um nobre cavaleiro, armado até os dentes. Carregava um enorme tridente cravado de rubis flamejantes. Seu porte era enorme. Longa capa negra lhe cobria o dorso, mas eu não consegui ver seu rosto.
- Não tente me olhar imbecil, o dia que te veres, verás a mim, porque aqui todos somos iguais.

Disse o homem em tom severo. Meu corpo tremia e eu não conseguia conter, minha voz não saia e eu olhava baixo, resignando-me perante suas ordens.

- Fui ordenado a conduzir-lhe e tenho-te como escravo. Deves me obedecer se não quiser retornar àquele antro de loucos que estavas. Siga minhas instruções com atenção e eu lhe darei trabalho e comida. Desobedeça e sofrerás o castigo merecido.
- Posso saber seu nome, nobre senhor?
- Por enquanto não, no tempo certo eu revelarei, agora cale-se, vamos ao nosso primeiro trabalho.

- Esta bem.
Segui o homem. Ele a cavalo e eu corria atrás dele, como um serviçal. Vagamos por aqueles lugares sujos e realizamos várias tarefas juntos. Aprendi a manusear as armas, que me foram dadas depois de muito tempo. Aos poucos meu amor pela criação foi renascendo. As várias lições que me foram passadas me faziam perceber a importância daqueles trabalhos no astral inferior.

Gradativamente fui galgando os degraus daquele mistério com fidelidade e carinho. Ganhei a confiança de meu chefe e de seus superiores. Fui posto a prova e fui aprovado. Logo aprendi a volitar e plasmar as coisas que queria. Foram anos e anos de aprendizado. Não sei contar o tempo da terra, mas asseguro que menos de cem anos não foram.

Foi então que numa assembléia repleta de homens iguais ao meu chefe, eu fui oficialmente nomeado Exu. Nela eu me apresentei ao Senhor Omulu e ao divino trono de Mehor-yê, assumindo as responsabilidades que todo Exu deve assumir se quiser ser exu.

- Amor a Deus e às suas leis;
- Amor à criação do Pai e a todas as suas criaturas;
- Fidelidade acima de tudo;
- Compreensão e estudo, para julgar com a devida sabedoria;
- Obedecer às regras do embaixo, assim como as do encima;
E algumas outras regras que não me foi permitido citar, dada a importância que elas têm para todos os exus.

A principio trabalhei na falange de meu chefe, por gratidão e simpatia. Mas logo surgiu-me a necessidade de ter minha própria falange, visto que os escravos que capturei já eram em grande número. Por esta mesma época, aquele antigo sacerdote, do meu povoado, lembram-se? Pois é, ele reencarnou em terras africanas e minha esposa deveria ser a esposa dele, para que a lei se cumprisse. Vendo o panorama do quadro que se formou, solicitei imediatamente uma audiência com o Divino Omulu e com O Senhor Ogum - Megê e pedi que intercedessem para que eu pudesse ser o guardião de meu antigo algoz. Meu pedido foi atendido.

Se eu fosse bem sucedido poderia ter a minha falange. Assim assumi a esquerda do sacerdote, que, na aldeia em que nasceu, foi preparado desde menino para ser o Babalorixá, em substituição ao seu pai de sangue. A filha do babalawo era minha ex-esposa e estava prometida ao seu antigo algoz. Assim se desenvolveu a trama que pôs fim às nossas diferenças.

Minha ex-mulher deu a luz a vinte e quatro filhos e todos eles foram criados com o devido cuidado. Muito trabalho eu tive naquela aldeia. Até que as invasões e as capturas e o comércio de negros para o ocidente se fizeram. Os trabalhos redobraram, pois tínhamos que conter toda a revolta e ódio que emanava dos escravos africanos, presos aos porões dos navios negreiros.

Mas meu protegido já estava velho e foi poupado, porém seus filhos não, todos foram escravizados. Mas era a lei e ela deveria ser cumprida.

Depois de muito tempo uma ordem veio do encima: "Todos os guardiões devem se preparar, novos assentamentos serão necessários, uma nova religião iria nascer, o que para nós era em breve, pois não sei se perceberam, mas o tempo espiritual é diferente do tempo material.

Preparamo-nos, conforme nos foi ordenado. Até que a Sagrada Umbanda foi inaugurada. Então eu fui nomeado Guardião à esquerda do Sagrado Omulu-yê e então pude assumir meu trono, meu grau e meus degraus. Novamente assumi a obrigação de conduzir meu antigo algoz, que hoje já está no encima, feito meritóriamente alcançado, devido a todos os trabalhos e sacrifícios feitos em favor da Umbanda e do bem.

Hoje, aqui de meu trono no embaixo, comando a falange dos Exus Caveira e somente após muitos e muitos anos eu pude ver minha face em um espelho e notei que ela é igual à de meu tutor querido o Grande Senhor Exu Tatá Caveira, ao qual devo muito respeito e carinho. Não confundam Exu Caveira, com Exu Tatá Caveira, os trabalhos são semelhantes, mas os mistérios são diferentes. Tatá Caveira trabalha nos sete campos da fé; Exu caveira trabalha nos mistérios da geração na calunga, porque é lá que a vida se transforma, dando lugar à geração de outras vidas, mas não se esqueçam que há sete mistérios dentro da geração, principalmente a Lei Maior, que comanda todos os mistérios de qualquer Exu.

Onde há infidelidade ou desrespeito para com a geração da vida ou aos seus semelhantes, Exu Caveira atua, desvitalizando e conduzindo no caminho correto, para que não caiam nas presas doloridas e impiedosas do Grande Lúcifer-Yê, pois não desejo a ninguém um décimo do que passei. Se vossos atos forem bons e louváveis perante a geração e ao Pai Maior, então vitalizamos e damos forma a todos os desejos de qualquer um que queira usufruir dos benefícios dos meus mistérios.

De qualquer maneira, o amor impera, sim o amor, e por que Exu não pode falar de amor? Ora se foi pelo amor que todo Exu foi salvo, então o amor é bom e o respeito a ele conserva-nos no caminho. Este é o meu mistério.

Em qualquer lugar da calunga, pratique com amor e respeito a sua religião e ofereça velas pretas, vermelhas e roxas, farofa de pinga com miúdos de boi. Acenda de um a sete charutos, sempre em números ímpares e aguardente.

De acordo com o número de velas, se acender sete velas, assente sete copos e sete charutos, assim por diante. Agrupe sempre as velas da mesma cor juntas e forme um triângulo com o vórtice voltado para si, as velas roxas no vórtice, as pretas à esquerda e as vermelhas à direita, simbolizando a sua fidelidade e companheirismo para conosco, pois Exu Caveira abomina traição e infidelidade, como, por exemplo, o aborto, isto não é tolerado por mim e todos os que praticam tal ato é então condenado a viver sob as hostes severas de meu mistério. Peça o que quiser com fé, e com fé lhes trarei, pois todos os Exus Caveira são fiéis aos seus médiuns e àqueles que nos procuram.

A falange de Exus Caveira pertence à falange do Grande Tatá Caveira, que é o pai de todos os Exus assentados à esquerda do Divino Omulu, os demais não posso citar, falo apenas do meu mistério, pois dele eu tenho conhecimento e licença para abrir o que acho necessário e básico para o vosso aprendizado, quanto ao mais, busquem com vossos Exus pessoais, que são grandes amigos de seus filhos e certamente saberão orientar com carinho sobre vossas dúvidas.

Um último detalhe a ser revelado é que todos os que têm Exu Caveira como Exu de trabalho ou protetor, é porque em algum momento do passado, pecaram contra a criação ou à geração e ambos, protetor e protegido tem alguma correlação com estes atos errôneos de vidas anteriores.

Tenham certeza, se seguirem corretamente as orientações, com trabalho e disciplina, o mesmo que sucedeu com meu antigo e grande sumo sacerdote, sucederá com vocês também, porque este é o nosso desejo. Mais a mais, se um Exu de minha falange consegue vencer através de seu médium ou protegido, ele automaticamente alcança o direito de sair do embaixo e galgar os degraus da evolução em outras esferas.

Que o Divino Pai maior possa lhes abençoar e que a Lei Maior e a Justiça Divina lhes deem as bênçãos de dias melhores.

Com carinho

Senhor Exu Caveira.

José Augusto Barboza

domingo, 28 de janeiro de 2024

A realeza de Jesus

Que o Reino de Jesus não é deste mundo todos compreendem, mas, também na Terra, não terá Ele uma realeza? Nem sempre o título de rei implica o exercício do poder temporal. Ele é dado, por consenso unânime, aos que, por seu gênio, se colocam em primeiro lugar em alguma atividade, dominando o seu século e influindo sobre o progresso da Humanidade. É nesse sentido que se diz: o rei ou príncipe dos filósofos, dos artistas, dos poetas, dos escritores etc. Essa realeza, que nasce do mérito pessoal, consagrada pela posteridade, não revela muitas vezes preponderância bem maior do que a conferida pela coroa real? A primeira é imperecível, enquanto a outra é joguete das vicissitudes; aquela é sempre abençoada pelas gerações futuras, ao passo que a outra muitas vezes é amaldiçoada.

A realeza terrestre acaba com a vida; a realeza moral continua governando, sobretudo após a morte. Sob esse aspecto, Jesus não é um rei mais poderoso do que muitos potentados da Terra? Foi com razão, portanto, que Ele disse a Pilatos: “Sou rei, mas o meu Reino não é deste mundo”.

Evangelho Segundo o Espiritismo, cap II, item 4

Entendimento Espiritual


Emmanuel

" Então, abriu-lhes o entendimento para compreenderem as Escrituras". - Lucas: 24-45

Em geral, encontram-se queixosos em todos os núcleos de atividade cristã, alegando dificuldades para o justo entendimento do Evangelho.

Alguns lêem os versículos mais simples, devoram os capítulos mais belos e permanecem atônitos, surpreendidos.

Por que lhes indicaria a fonte evangélica, se as palavras dos textos diferem tanto de sua situação? Perguntam eles. Sentem-se desiludidos, atordoados de incompreensão. Entretanto, o fenômeno deriva-se do jogo de experiências e nada mais.

É indispensável insistir sempre às portas do entendimento. Há frases e textos difíceis? 

Convém procurar-lhes a extensão, para encontrar-lhes a Sabedoria e a Beleza.

Estudos e observação do Evangelho também constituem trabalho e da mais alta envergadura.

A vaidade e a presunção costumam abandonar o serviço na antecâmara da imensa Oficina de Luz e, antes que houvessem contemplado as Fontes Eternas, voltam para o mundo, difundindo às sombras da influenciação que lhes é própria, entre a ironia e o escárnio. 

Não se precatam de que toda a aquisição demanda esforço e perseverança.

O menor título de competência profissional no mundo requer fervor e boa vontade no trabalho.

Seria possível, portanto, que as posses Eternas fossem simples objetos de aquisição mecânica, à margem do caminho?

A realização espiritual é serviço supremo do espírito. É imprescindível buscar-lhe as expressões, a golpes de vontade e determinação.

Somente as almas ainda superficiais pedem soluções absolutas às letras evangélicas.

O discípulo sincero não ignora que é preciso trabalhar por absorver-se na Luz Divina do Espírito e, ao passo que se esforça, está convencido de que o Senhor lhe virá ao encontro, abrindo-lhe o 
entendimento.

Do livro: Harmonização
Médium: Francisco Cândido Xavier

O Perdão 2


Quanto mais avança, a ciência médica mais compreende que o ódio em forma de vingança, condenação, ressentimento, inveja ou hostilidade está na raiz de numerosas doenças e que o único remédio eficaz contra semelhantes calamidades da alma é o específico perdão no veículo do amor.

André Luiz

Médium: Francisco Cândido Xavier
Do livro: Nos domínios da Mediunidade

sábado, 27 de janeiro de 2024

Batalha

Servidores do Cristo, orai de sentinela! Eis que o inundo sangrando é campo de batalha, Onde a treva infeliz se distende e trabalha O coração sem Deus, que em sombra se enregela.

José do Patrocínio

Do livro: Dicionário da Alma
Médium: Francisco Cândido Xavier

sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

Os Obreiros do Senhor

OS OBREIROS DO SENHOR

(Cherbourg, fevereiro de 1861 – Médium: Sr. Robin)

Aproxima-se o tempo em que se cumprirão as coisas anunciadas para a transformação da Humanidade. Ditosos serão os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro móvel, senão a caridade! Seus dias de trabalho serão pagos pelo cêntuplo do que tiverem esperado. Ditosos os que hajam dito a seus irmãos: “Trabalhemos juntos e unamos os nossos esforços, a fim de que o Senhor, ao chegar, encontre acabada a obra”, porquanto o Senhor lhes dirá: “Vinde a mim, vós que sois bons servidores, vós que soubestes impor silêncio aos vossos ciúmes e às vossas discórdias, a fim de que daí não viesse dano para a obra!” Mas, ai daqueles que, por efeito das suas dissensões, houverem retardado a hora da colheita, pois a tempestade virá e eles serão levados no turbilhão! Clamarão: “Graça! graça!” O Senhor, porém, lhes dirá: “Como implorais graças, vós que não tivestes piedade dos vossos irmãos e que vos negastes a estender- lhes as mãos, que esmagastes o fraco, em vez de o amparardes? Como suplicais graças, vós que buscastes a vossa recompensa nos gozos da Terra e na satisfação do vosso orgulho? Já recebestes a vossa recompensa, tal qual a quisestes. Nada mais vos cabe pedir; as recompensas celestes são para os que não tenham buscado as recompensas da Terra.”

Deus procede, neste momento, ao censo dos seus servidores fiéis e já marcou com o dedo aqueles cujo devotamento é apenas aparente, a fim de que não usurpem o salário dos servidores animosos, pois aos que não recuarem diante de suas tarefas é que ele vai confiar os postos mais difíceis na grande obra da regeneração pelo Espiritismo. Cumprir-se-ão estas palavras: “Os primeiros serão os últimos e os últimos serão os primeiros no reino dos céus.”

O Espírito de Verdade

15 N. do T.: Vide O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XX, item 5.

Revista Espírita, Março de 1862

Segue Adiante

Meimei

...Deus em nós é a força da vida e a luz inextinguível...
Nos encargos a que te prendes, em muitas ocasiões, sentes a amplitude dos problemas a resolver e o coração se te transborda de lágrimas...

A solidão aparente no íntimo como que exagera a extensão dos obstáculos a transpor.

E medidas no preço alto da dedicação em família, mentalizando as horas gastas em construir e reconstruir afeições que fogem no carro do tempo, largando-se aos ideais que acalentam os dias; refletes nas dificuldades que se renovam, no trabalho tantas vezes encharcado de pranto a que te entregas, atendendo aos deveres assumidos e nos planos alterados, em que sonhaste o melhor para alcançar tão-somente fracasso e recomeço...

Entretanto, ergue-te do chão da tristeza, age no bem que possas fazer e caminha adiante.

Deus em nós é a força da vida e a luz inextinguível.

Corações difíceis a conduzir, calvários domésticos, searas de esperança, oficinas de beneficência e apostolados no bem, são tarefas que, a Sabedoria Divina poderia executar claramente sem tí, no entanto, quis Deus a tua cooperação nas obras da sublimação e do progresso, a fim de que venhas a desenvolver nesse esforço as tuas qualidades divinas. 

Por mais constrangedoras as circunstâncias, serve e segue adiante.
Onde te encontres e como te encontres, recorda que Deus conta contigo, tanto quanto contas com Deus.

Do livro: Amizade
Médium: Francisco Cândido Xavier / Meimei

O Perdão


... O perdão é o remédio que nos recompõe a alma doente.

Não admita que o desespero lhe subjugue as energias!... 

Guardar ofensas é conservar a sombra.

Esqueçamos o mal para a luz do bem nos felicite o caminho. 

André Luiz

Médium: Francisco Cândido Xavier
Do livro: Nos domínios da Mediunidade

quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

Luz em Ti

É um tesouro inigualável, teu somente. Ninguém dispõe dele em teu lugar.

Nas horas mais difíceis, podes gastá-lo sem preocupação. Quando alguém te fira, é capaz de revelar-te a grandeza da alma, no brilho do perdão.

No momento em que os seres mais queridos porventura te abandonem, será parte luminosa de tua bênção. Ante os irmãos infelizes, é o teu cartão de paz e simpatia.

Nos empreendimentos que te digam respeito ao próprio interesse, converte-se em passaporte para a aquisição das vantagens que desejes usufruir.

No relacionamento comum, transforma-se na chave para a formação das amizades fiéis.

Na essência, é um investimento, a teu próprio favor, que realizas sem o menor prejuízo. Esse tesouro é o teu sorriso, - luz de Deus em ti mesmo , - que nenhuma circunstância pode extinguir e que ninguém consegue arrebatar.

MEIMEI

Do livro: Palavras do Coração, Francisco Cândido Xavier - Edição  (CEU)

Escola de Médiuns


Pode-se dizer que a escola de médiuns foi fundada pelo respeitável preceptor Allan Kardec, quando descobriu essa faculdade transcendental em todos os povos. E os Espíritos lhe falaram que a mediunidade, de certo modo, se enraizava em pontos sensíveis do complexo humano. Era, pois, uma bênção de Deus para todas as criaturas. 

As comunicações com os Espíritos deram-se em todas as nações do mundo, principalmente na formação das filosofias religiosas. Moisés recebeu os fundamentos do judaísmo no Monte Sinai, colocando em função a mediunidade. Maomé ouvia as vozes dos anjos a lhe ditarem o Alcorão, cujos textos escrevia em couros de animais. Buda era cercado por entidades luminosas a lhe transmitirem altos ensinamentos, que retransmitia, para a anotação dos discípulos que o seguiam. Sócrates ouvia sempre um Espírito que lhe soprava aos ouvidos a filosofia que o mundo conheceu e admirou, marcando sua personalidade como um dos maiores sábios do mundo, precursor do próprio cristianismo. Cristo, o maior de todos, era o médium de Deus. Francisco de Assis, o poverello famoso, fundou as ordens, ouvindo a voz de Jesus. Lutero ouvia vozes que o ajudavam a interpretar os difíceis textos bíblicos. E o próprio Loiola, homem mais guerreiro que santo, ouviu, meditando em um templo, uma voz que ele supôs ser do Mestre, ou de Paulo, que dizia: "Em Roma, eu te favorecerei"; e fundou a Companhia de Jesus, para defender Roma, se necessário pela espada. E centenas de outros homens famosos serviram-se de médiuns, mudando o esquema humano, para as diretrizes divinas. 

No entanto, todos fizeram parte da escola disciplinar dos sentimentos. Ouvir vozes, muitos podem ouvir, mas é necessário saber a que tipo de conversa deveremos dar atenção. E quem nos ajuda a qualificar os chamados é Nosso Senhor Jesus Cristo, através do maior código educativo do mundo: o Evangelho. Será de grande proveito, para nós, andar com Jesus e compreendê-Lo, nas Suas diretrizes. Os chamados são muitos, diz-nos o Cristo, mas os escolhidos são poucos. A escolha é feita pelo aperfeiçoamento interno, onde participa o coração e trabalha a inteligência, em altos exercícios de educação. 

A doutrina dos Espíritos abriu a escola para todos os médiuns que queiram se educar, na disciplina que o bom senso descobriu. No entanto, essa escola exterior desaparece quando o médium está pronto, favorecendo o surgimento do Cristo de Deus no seu universo interno, a guiá-lo por todos os caminhos, sem que os pés tropecem nos emaranhados roteiros das sombras. Os médiuns devem seguir os passos que lhes são traçados nas escolas da doutrina codificada por Kardec, ate se tornarem livres por conhecerem a verdade, pois é a verdade que nos guia, a todos, de acordo com a nossa posição evolutiva na ascensão para Deus. 

É necessário que observes as escolas do mundo, até certo ponto, no preparo do aprendiz. É imprescindível que fiques dependente, para depois abrires os braços para o infinito e te tomares consciente dos próprios atos. As repetições nos bancos escolares forçam a inteligência a abrir a intuição, de maneira que cada um seja guiado por seu Cristo interno, na divina função de ser livre entre os homens, mas sempre ouvindo o grande Soberano do Universo.

O Espírito, na profunda filosofia espiritual, nada aprende. Tudo o que ouvimos dos outros e tudo o que vemos nos livros, incluindo outros métodos de aprendizagem, visa somente a nos acordar, despertar o que existe dentro da consciência, porque Deus, sendo a suprema perfeição, nada iria fazer imperfeito. Nós não temos somente seis ou sete sentidos. São muitos os nossos dons. Os outros escapam ainda ao progresso humano. Depois de desenvolvidos ou despertados, no alvorecer do tempo e nas bênçãos de Deus, passaremos a entrar no que podemos chamar de "todo da conscientização, da sabedoria e do amor", em face do que o nosso mundo comporta na sua escala evolutiva. 

A doutrina dos Espíritos somente cumprirá seu dever, ante as promessas estabelecidas com o Cristo para a revivência do Cristianismo no mundo moderno, se os espíritas se derem as mãos no que tange a esses dois movimentos: educar e instruir. De outra forma, não haverá solução para a paz, na Terra. 

Todos somos médiuns, quem não sabe disto? Mas não basta sermos medianeiros dos Espíritos. É preciso verificarmos a lei de atração, que rege e sustenta todos os mundos. 

Atrais, para teus canais mediúnicos, o que és, nos caminhos de cada dia. O "diz-me com quem andas, que te direi quem és" é muito importante para os médiuns e mais importante ainda é o "diz-me o que és, que te direi com quem andas". 

O primeiro passo do sensitivo é a reforma dos costumes. Tudo na vida deve buscar a harmonia, em primeira instância, pois a harmonia é a tônica do amor. O mundo inteiro já foi palco de milhões de médiuns de Espíritos das sombras. Faz-se necessário que eles, agora educados e iluminados, sejam médiuns dos benfeitores da luz, cabendo a maior parte dessa educação e espiritualização às escolas espíritas, desde que elas não se esquecem do Mestre dos mestres, que subiu para os altiplanos, mas deixou a lição, na Terra. 

Todos nós somos herdeiros divinos do Senhor. Quando alguém bater às portas do Templo, com os dons aflorados, na posição dada por Allan Kardec, como médium, não te esqueças das primeiras lições ao iniciando, porque, no amanhã, ele vai fazer da mediunidade o que o teu exemplo indicar hoje. Inicia o companheiro, no trabalho da caridade, que ela é a melhor e a mais bem orientada escola de Jesus. O próximo é sempre a nossa extensão. Examina os impulsos dos irmãos que desejam comunicar-se com os Espíritos e mostra-lhes os perigos que correm, sem o preparo dos sentimentos. A direção de uma reunião espírita é de muita responsabilidade, diante dos freqüentadores. Nós todos mostramos por fora o que somos por dentro. A escola de médiuns é muito necessária, porque ela vai ajudar a ti mesmo te libertares das condições humanas, seguindo a intuição divina. 

O Cristo somente nasce no coração, quando o amor nos liberta das barreiras estabelecidas pelas religiões do mundo.

Do livro: Segurança Mediúnica, Cap. 20

Sinais de Alarme

Há dez sinais vermelhos, no caminho da experiência, indicando queda provável na obsessão:

quando entramos na faixa da impaciência;
quando acreditamos que a nossa dor é maior;
quando passamos a ver ingratidão nos amigos;
quando imaginamos maldade nas atitudes dos companheiros;
quando comentamos o lado menos feliz dessa ou daquela pessoa;
quando reclamamos apreço e reconhecimento;
quando supomos que o nosso trabalho está sendo excessivo;
quando passamos o dia a exigir esforço, sem prestar o mais leve serviço;
quando pretendemos fugir de nós mesmos, através da gota do álcool ou da pitada de entorpecente;
quando julgamos que o dever é apenas dos outros.

Todas vez que um desses sinais venha a surgir no trânsito de nossas ideias, a Lei Divina está presente, recomendando-nos, a prudência de parar no socorro da prece ou na luz do discernimento.

Scheilla

Médium: Francisco Cândido Xavier
Do livro: IDEAL ESPÍRITA (CEC)

quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

A Criança e a Visão

Poesia Espírita

(Sociedade Espírita de Bordeaux – Médium: Sr. Ricard)

A CRIANÇA E A VISÃO

Mãezinha, a noite já é brumosa, E eu sinto, agora, o sono vir; Põe-me em meu leito cor-de-rosa!... Ou nos teus braços vou dormir.

Criança, a Deus faz oração. E de joelhos, filha, vamos; Pelo teu pai, de coração, Juntas, a Deus com fé peçamos.

Lá em cima ele está, mamãe, não é? Perto de Deus que Deus o quis;
Não quer os maus, que não têm fé, Mas meu paizinho fez feliz!

Que Deus te entenda!... Ó cara filha, Que Ele te escute com bondade! Tenha teu pai, na santa trilha, Ventura!... Paz!... Felicidade!

Peço também por ti, mãezinha; Eu disse a Deus: “Pai poderoso, “Levaste o pai, mas da filhinha “A mãe não tires, Pai bondoso.”

Muito obrigada, ó Gabriela! Que coração numa menina! Sobre ti do Alto teu pai vela E em tua fronte ele se inclina. Eu bem queria, mãe querida, Já que meu pai nossa alma alcança, Que ele voltasse da outra vida Para abraçar sua criança.

Que tal prodígio pede a Deus Aqui por nós, sofremos tanto!... A alma de um morto às vezes seus Filhinhos vem lenir o pranto.

Mãezinha, a noite é já brumosa E eu sinto, agora, o sono vir... Põe-me em meu leito cor-de-rosa!... Adeus, mamãe!... Eu vou dormir. Mas não!... Eu vejo!... É bem meu pai! Ele está aqui... junto a meu leito! Que se aproxima e sobressai, Mamãe, nos olha satisfeito...

Sinto a ternura de seu beijo; E meus cabelos sua mão!... Fechar-me a boca tem ensejo, E logo então retorna aos céus!

Mãezinha, a noite é já brumosa, Mas já não posso mais dormir... É que meu pai ao cor-de-rosa Leito meu prometeu revir!

Teu Anjo-da-Guarda

Revista Espírita, Julho de 1862

terça-feira, 23 de janeiro de 2024

A Caridade

Fevereiro de 1862

A FÉ, A ESPERANÇA E A CARIDADE (Bordeaux. Médium: Sra. Cazemajoux)

A CARIDADE

Eu sou a Caridade. Em nada me assemelho à caridade cujas práticas seguis. Aquela que entre vós usurpou o meu nome é fantasista, caprichosa, exclusiva, orgulhosa; venho vos prevenir contra os defeitos que, aos olhos de Deus, diminuem o mérito e o brilho de suas boas ações. Sede dóceis às lições que o Espírito de Verdade vos dá por minha voz. Segui-me, meus fiéis: eu sou a Caridade.

Segui-me. Conheço todos os infortúnios, todas as dores, todos os sofrimentos, todas as aflições que assediam a Humanidade. Sou a mãe dos órfãos, a filha dos idosos, a protetora e sustentáculo das viúvas; penso as chagas infectadas; curo todas as doenças; dou roupas, pão e um abrigo aos que não os têm; subo às mais miseráveis águas-furtadas, às mais humildes mansardas; bato à porta dos ricos e poderosos, porque, onde quer que viva uma criatura humana, sempre existirá, sob a máscara da felicidade, as mais amargas e acerbas dores. Oh! quão grande é a minha tarefa! Não poderei cumpri-la se não vierdes em meu auxílio. Vinde a mim: eu sou a Caridade.

Não tenho preferência por ninguém. Jamais digo aos que necessitam de mim: “Tenho os meus pobres; procurai alhures.” Oh! falsa caridade, quantos males provocas! Amigos, nós nos devemos a todos. Crede-me: não recuseis vossa assistência a ninguém; socorrei-vos uns aos outros com bastante desinteresse para não exigir nenhum reconhecimento de parte dos que tiverdes socorrido. A paz do coração e da consciência é a doce recompensa de minhas obras: eu sou a verdadeira Caridade.

Ninguém conhece na Terra o número e a natureza de meus benefícios. Só a falsa caridade fere e humilha aqueles a quem alivia. Acautelai-vos contra esse funesto desvio; as ações desse gênero não têm nenhum mérito perante Deus e atraem sobre vós a sua cólera. Só Ele deve saber e conhecer os generosos impulsos de vossos corações quando vos tornais os dispensadores de seus benefícios. Guardai-vos, pois, amigos, de dar publicidade à prática da assistência mútua; não mais lhe deis o nome de esmola. Crede em mim: eu sou a Caridade.

Tenho tantos infortúnios a aliviar que muitas vezes fico com o colo e as mãos vazios; venho dizer-vos que espero em vós.

O Espiritismo tem por divisa Amor e Caridade; e todos os verdadeiros espíritas quererão, no futuro, conformar-se a esse sublime preceito pregado pelo Cristo há dezoito séculos. Segui-me, pois, irmãos; eu vos conduzirei ao reino de Deus, nosso pai. Eu sou a Caridade. 

Adolfo, Bispo de Argel

Fevereiro de 1862

A FÉ, A ESPERANÇA E A CARIDADE (Bordeaux. Médium: Sra. Cazemajoux)

INSTRUÇÕES DADAS POR NOSSOS GUIAS A RESPEITO DAS TRÊS COMUNICAÇÕES ACIMA

Meus caros amigos, deveis ter imaginado que um de nós havia dado os ensinamentos sobre a fé, a esperança e a caridade, e tivestes razão. Felizes por ver Espíritos tão elevados vos dar, com tanta freqüência, conselhos que vos devem guiar em vossos trabalhos espirituais, não menos doce e pura é a nossa alegria, quando vimos ajudar a tarefa do vosso apostolado espírita. Podeis, pois, atribuir ao Espírito Georges a comunicação sobre a Fé; a da Esperança a Felícia: aí encontrareis o estilo poético que tinha durante sua vida; e a da Caridade a Dupuch, bispo de Argel, que na Terra foi um de seus fervorosos apóstolos. Ainda teremos de tratar da caridade sob outro ponto de vista. Fá-lo-emos dentro de alguns dias.

Vossos Guias

Revista Espírita de 1862, Ensinos e Dissertações Espíritas

A Esperança

Fevereiro de 1862

A FÉ, A ESPERANÇA E A CARIDADE (Bordeaux. Médium: Sra. Cazemajoux)

A ESPERANÇA

Meu nome é esperança. Sorrio à vossa entrada na vida; sigo-vos passo a passo e não vos deixo senão nos mundos onde para vós se realizam as promessas de felicidade, incessantemente murmuradas aos vossos ouvidos. Sou vossa fiel amiga; não repilais minhas inspirações: eu sou a Esperança.

Sou eu que canto pela voz do rouxinol e que faço ecoar nas florestas essas notas lamentosas e cadenciadas que vos fazem sonhar com o céu; sou eu que inspiro à andorinha o desejo de aquecer os seus amores no abrigo de vossas moradas; brinco na brisa ligeira que acaricia os vossos cabelos; espalho aos vossos pés o suave perfume das flores dos vossos jardins, e quão pouco pensais nessa amiga que vos é tão devotada! Não a repilais: é a Esperança.

Tomo todas as formas para me aproximar de vós. Sou a estrela que brilha no azul; o cálido raio de sol que vos vivifica; embalo as vossas noites com sonhos alegres; expulso para longe as negras preocupações e os pensamentos sombrios; guio os vossos passos para a senda da virtude; acompanho-vos nas visitas aos pobres, aos aflitos, aos moribundos e vos inspiro palavras afetuosas, que consolam. Não me repilais: eu sou a Esperança! Eu sou a esperança! Sou eu que, no inverno, faço crescer na casca dos carvalhos o musgo espesso com que os passarinhos constroem seus ninhos; sou eu que, na primavera, corôo a macieira e a amendoeira de flores brancas e rosas e as espalho sobre a terra como uma juncada celeste, que faz aspirar aos mundos felizes; sobretudo estou convosco quando sois pobres e sofredores; minha voz ressoa incessantemente aos vossos ouvidos. Não me repilais: eu sou a Esperança.

Não me repilais, porque o anjo do desespero me faz uma guerra obstinada e se consome em vãos esforços para tomar o meu lugar junto de vós. Nem sempre sou a mais forte e, quando ele consegue me afastar, vos envolve com as suas fúnebres asas, desvia os vossos pensamentos de Deus e vos arrasta ao suicídio. Uni-vos a mim para afastar sua funesta influência e vos deixai embalar docemente em meus braços, porque eu sou a Esperança.

Felícia, Filha do médium

Revista Espírita 1862, Ensinos e Dissertações Espíritas

A Fé

Fevereiro de 1862

A FÉ, A ESPERANÇA E A CARIDADE
(Bordeaux. Médium: Sra. Cazemajoux)

A FÉ 

Sou a irmã mais velha da Esperança e da Caridade; chamo-me Fé.

Sou grande e forte. Aquele que me possui não teme nem o ferro, nem o fogo: é à prova de todos os sofrimentos físicos e morais. Irradio sobre vós com um facho cujos jatos cintilantes se refletem no fundo de vossos corações e vos comunico a força da vida. Dizem, entre vós, que transporto montanhas; eu, porém, vos digo: Venho erguer o mundo, porquanto o Espiritismo é a alavanca que me deve auxiliar. Uni-vos a mim; venho convidar-vos: sou a Fé.

Sou a Fé! Moro com a Esperança, a Caridade e o Amor no mundo dos Espíritos Puros. Muitas vezes deixei as regiões sublimadas e vim à Terra para vos regenerar, dando-vos a vida do Espírito. Mas, excetuando os mártires dos primeiros tempos do Cristianismo e, de vez em quando, alguns fervorosos sacrifícios ao progresso da ciência, das letras, da indústria e da liberdade, só encontrei entre os homens indiferença e frieza, retomando tristemente o meu vôo para o céu. Julgais-me em vosso meio, mas vos enganais, porque a Fé sem obras é um simulacro de Fé. A verdadeira Fé é vida e ação.

Antes da revelação espírita a vida era estéril; era uma árvore que, ressequida pelos raios, não produzia nenhum fruto.

Reconhecem-me por meus atos: ilumino as inteligências, aqueço e fortaleço os corações; afasto para longe de vós as influências enganosas e vos conduzo a Deus pela perfeição do espírito e do coração. Vinde abrigar-vos sob a minha bandeira; sou poderosa e forte: eu sou a Fé.

Sou a Fé e o meu reino começa entre os homens; reino pacífico, que os tornará felizes no presente e na eternidade. A aurora do meu advento entre vós é pura e serena; seu sol será resplandecente e seu crepúsculo virá docemente embalar a Humanidade nos braços de eternas felicidades. Espiritismo! derrama sobre os homens o teu batismo regenerador. Eu lhes faço um apelo supremo: eu sou a Fé.

Georges, Bispo de Périgueux

Revista Espírita 1862, Ensinos e Dissertações Espíritas