terça-feira, 23 de janeiro de 2024

A Caridade

Fevereiro de 1862

A FÉ, A ESPERANÇA E A CARIDADE (Bordeaux. Médium: Sra. Cazemajoux)

A CARIDADE

Eu sou a Caridade. Em nada me assemelho à caridade cujas práticas seguis. Aquela que entre vós usurpou o meu nome é fantasista, caprichosa, exclusiva, orgulhosa; venho vos prevenir contra os defeitos que, aos olhos de Deus, diminuem o mérito e o brilho de suas boas ações. Sede dóceis às lições que o Espírito de Verdade vos dá por minha voz. Segui-me, meus fiéis: eu sou a Caridade.

Segui-me. Conheço todos os infortúnios, todas as dores, todos os sofrimentos, todas as aflições que assediam a Humanidade. Sou a mãe dos órfãos, a filha dos idosos, a protetora e sustentáculo das viúvas; penso as chagas infectadas; curo todas as doenças; dou roupas, pão e um abrigo aos que não os têm; subo às mais miseráveis águas-furtadas, às mais humildes mansardas; bato à porta dos ricos e poderosos, porque, onde quer que viva uma criatura humana, sempre existirá, sob a máscara da felicidade, as mais amargas e acerbas dores. Oh! quão grande é a minha tarefa! Não poderei cumpri-la se não vierdes em meu auxílio. Vinde a mim: eu sou a Caridade.

Não tenho preferência por ninguém. Jamais digo aos que necessitam de mim: “Tenho os meus pobres; procurai alhures.” Oh! falsa caridade, quantos males provocas! Amigos, nós nos devemos a todos. Crede-me: não recuseis vossa assistência a ninguém; socorrei-vos uns aos outros com bastante desinteresse para não exigir nenhum reconhecimento de parte dos que tiverdes socorrido. A paz do coração e da consciência é a doce recompensa de minhas obras: eu sou a verdadeira Caridade.

Ninguém conhece na Terra o número e a natureza de meus benefícios. Só a falsa caridade fere e humilha aqueles a quem alivia. Acautelai-vos contra esse funesto desvio; as ações desse gênero não têm nenhum mérito perante Deus e atraem sobre vós a sua cólera. Só Ele deve saber e conhecer os generosos impulsos de vossos corações quando vos tornais os dispensadores de seus benefícios. Guardai-vos, pois, amigos, de dar publicidade à prática da assistência mútua; não mais lhe deis o nome de esmola. Crede em mim: eu sou a Caridade.

Tenho tantos infortúnios a aliviar que muitas vezes fico com o colo e as mãos vazios; venho dizer-vos que espero em vós.

O Espiritismo tem por divisa Amor e Caridade; e todos os verdadeiros espíritas quererão, no futuro, conformar-se a esse sublime preceito pregado pelo Cristo há dezoito séculos. Segui-me, pois, irmãos; eu vos conduzirei ao reino de Deus, nosso pai. Eu sou a Caridade. 

Adolfo, Bispo de Argel

Fevereiro de 1862

A FÉ, A ESPERANÇA E A CARIDADE (Bordeaux. Médium: Sra. Cazemajoux)

INSTRUÇÕES DADAS POR NOSSOS GUIAS A RESPEITO DAS TRÊS COMUNICAÇÕES ACIMA

Meus caros amigos, deveis ter imaginado que um de nós havia dado os ensinamentos sobre a fé, a esperança e a caridade, e tivestes razão. Felizes por ver Espíritos tão elevados vos dar, com tanta freqüência, conselhos que vos devem guiar em vossos trabalhos espirituais, não menos doce e pura é a nossa alegria, quando vimos ajudar a tarefa do vosso apostolado espírita. Podeis, pois, atribuir ao Espírito Georges a comunicação sobre a Fé; a da Esperança a Felícia: aí encontrareis o estilo poético que tinha durante sua vida; e a da Caridade a Dupuch, bispo de Argel, que na Terra foi um de seus fervorosos apóstolos. Ainda teremos de tratar da caridade sob outro ponto de vista. Fá-lo-emos dentro de alguns dias.

Vossos Guias

Revista Espírita de 1862, Ensinos e Dissertações Espíritas

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